In Forma (15/10/2025)
Por Marino Boeira

DE AUSCHWITZ A GAZA
Quando depois da Segunda Guerra, os prisioneiros ainda vivos dos campos de concentração que os nazistas espalharam pela Europa, principalmente na Polônia, como Auschwitz e Majdanek, foram libertados pelo Exército Vermelho, o mundo inteiro se espantou que crimes tão terríveis tivessem sido cometidos anos sem que a maioria das pessoas soubesse disso.
Quase 100 anos depois, um crime quase tão horrendo como o acontecido naquela guerra ocorre hoje aos nossos olhos, mas diferentemente de então, agora com ampla cobertura de toda a mídia e uma repulsa que se restringe a pequenos núcleos de pessoas mais esclarecidas.
Um estado racista e colonialista - Israel - criado com as bênçãos do governo britânico e o dinheiro dos grandes banqueiros judeus, se apropriou de uma terra ocupada há séculos por outro povo - os palestinos - e de 1948 até os dias hoje, exerce uma política permanente de limpeza étnica nos territórios ocupados, que é mais ou menos agressiva dependendo dos governos que comandam o país.
Hoje, com a liderança de um verdadeiro criminoso de guerra - Benjamin Netanyahu - Israel promove um genocídio contra os palestinos que vivem em Gaza com a desculpa de punir um grupo - o Hamas - que usou se insurgir contra os invasores do seu país.
Esse crime de guerra, tão ou mais grave do que aquele que os nazistas promoveram na Segunda Guerra, merece da maioria das pessoas e também dos líderes do mundo inteiro, uma condenação protocolar. O presidente Lula, por exemplo, se limita a lamentar as mortes de crianças e mulheres, repete o discurso dos sionistas de que o Hamas é um grupo terrorista e mantém as relações diplomáticas e comerciais com Israel.
Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, na antologia A Rosa do Povo, em um dos seus poemas, viu Berlim como um símbolo do nazismo que precisava ser destruído e escreveu, saudando a entrada do Exército Vermelho na capital do Terceiro Reich: "Uma cidade atroz, ventre metálico, pernas de escravos, boca de negócio, ajuntamento estúpido, já treme com o russo em Berlim. Essa cidade oculta em mil cidades, trabalhadores do mundo, reuni-vos para esmagá-la, vós que penetrais com o Russo em Berlim"
Israel é hoje o que Berlim foi na guerra. Só que ao contrário de Berlim, Israel não deve ser destruído, mas libertado para ser um país de todos os povos, judeus e árabes, independente de raça ou religião.