In Forma (30/07/2025)

Por Marino Boeira

LULA DESCONHECE O IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO

O tarifaço de Donald Trump ocupou as manchetes da mídia durante toda a semana e vai ter o seu Dia D na sexta-feira, primeiro de agosto, quando começa a valer a cobrança de uma taxa mais alta dos Estados Unidos para que produtos do exterior entrem no país.

Enquanto alguns países, caso da China, responderam à decisão de Trump de um modo altaneiro - se cobrar 50% sobre a importação de produtos chineses, vamos cobrar 50% também sobre a importação de produtos norte-americanos - outros países decidiram negociar algum tipo de alívio, mesmo que para isso precisassem se colocar numa posição subalterna, caso do Brasil.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin foi encarregado de negociar com os Estados Unidos porque segundo o Lula "ele é o cara mais calmo que eu conheço na vida. Esse cara é um exímio negociador. Não manda carta, não levanta a voz, ele só quer conversar". Só que uma semana depois desse elogio, os norte-americanos ainda não se decidiram a ouvir o que Alckmin tem a dizer.

Enquanto o vice-presidente tenta negociar e o Senado envia uma representação com o mesmo objetivo e todos são ignorados pelo governo Trump, internamente Lula se dedica a bravatas insuflando um nacionalismo que ele é o primeiro a negar na prática, de olho apenas em alguns ganhos eleitorais.

No meio dessa guerra midiática em que tenta vender a idéia de que o problema é Trump e seu partido, o Republicano, em momento algum Lula se dá conta que o problema é o imperialismo norte-americano não importa qual o partido no poder nos Estados Unidos. Se não sabe, por ignorar a História, que foi um presidente Democrata quem ordenou o primeiro bombardeio atômico da história (Truman no Japão), que o ataque a Cuba foi obra do Democrata Kennedy; e quem ampliou a guerra no Vietnam, ordenando o bombardeio do Vietnam do Norte foi Johnson, também do mesmo partido, deveria ao menos saber que foi esse mesmo Lyndon Johnson quem ajudou através da sua embaixada no Brasil o golpe militar de 1964.

O que dizer de um governo onde o seu presidente desconhece a história e seu principal assessor internacional e ex-chanceler Celso Amorim, recuperando o velho e cansado anticomunismo de guerra, disse que Trump estava fazendo pior que a URSS?

Nada. Só lamentar que Lula, Celso Amorim e todo seu governo, imaginam que o Brasil não tem cacife para enfrentar o poderio americano como faz a China, que ao menos se inspirassem no que faz a pequena ilha de Cuba, sofrendo há 60 anos um bloqueio criminoso e tendo sua economia baseada no plantio da cana de açúcar e no turismo, conseguiu desenvolver um sistema democrático muito mais aperfeiçoado que o nosso e garante ao seu povo saúde e educação da melhor qualidade e de graça.

Mas Lula, Alckmin e Amorim não querem pensar em Cuba e sonham apenas com a volta do Partido Democrata ao poder nos Estados Unidos quando, para eles apenas, tudo era melhor e como disse o Lula tínhamos uma relação virtuosa que já durava 200 anos com os norte-americanos. Doce ilusão (sweet ilusion), ao gosto deles!

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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