Mesmo dividida, a opinião pública revela unanimidade

Por Elis Radmann

No final de semana, o ex-presidente Bolsonaro reuniu uma multidão em uma manifestação a favor da anistia aos presos acusados de diversos crimes cometidos em 8 de janeiro de 2023. O projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro é um dos cinco projetos polêmicos que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado em Brasília.                      

Como cada um dos cinco projetos em debate beneficia, em menor ou maior grau, os próprios políticos, uma pesquisa de opinião foi realizada em fevereiro de 2025 a fim de avaliar a posição dos brasileiros sobre cada um dos projetos.

a) Anistia a presos do 8 de janeiro, que significa perdoar as penas impostas a essas pessoas, incluindo crimes como tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. A ideia é encerrar os processos e liberar os condenados. Nesse teste, todos os entrevistados se manifestam, mostrando a divisão da sociedade, 51% favorável e 49% contrários.

b) Corte de gastos públicos, que busca limitar o aumento de gastos públicos em caso de déficit nas contas do governo. Ele propõe "gatilhos" que congelam despesas com pessoal e restringem benefícios fiscais, além de permitir o uso de fundos para pagar a dívida pública. A ideia é controlar as finanças e evitar desequilíbrios econômicos. Este projeto consegue a aprovação de 54% dos entrevistados, 28% de reprovação e tem 17% que não sabem opinar, demonstrando que o projeto precisa de mais divulgação.

c) Manutenção do controle do Congresso sobre emendas parlamentares impositivas, propondo regras para rastrear melhor o uso do dinheiro público e evitar fraudes, atendendo às exigências do Supremo Tribunal Federal. Quase 1/5 dos entrevistados indicam que precisam de mais informações para se manifestar sobre este projeto e aqueles que responderam sinalizam dúvidas ou ressalvas. Inicialmente, 50% se mostram contrários enquanto 32% são favoráveis.

d) Redução do prazo de inelegibilidade para enquadrados da Lei da Ficha Limpa. A ideia é flexibilizar as regras para permitir que políticos condenados possam voltar a se candidatar mais rapidamente. A população é categórica em dizer não, 83% dos brasileiros se manifestam contrários ao projeto. Registra-se que 14% concordam com a proposta e 4% afirmam que não têm uma posição sobre o tema.

e) E tem o projeto que eleva a indignação e a revolta dos entrevistados ao máximo, aquele momento da entrevista em que a pessoa perde a paciência e chega a usar palavrões com o entrevistador: trata-se do projeto que prevê o aumento do número de deputados federais de 513 para 527, com base nos dados do Censo de 2022. A proposta busca ajustar a representação de cada estado conforme sua população, garantindo maior equilíbrio na distribuição das cadeiras. De forma quase unânime, 97% dos entrevistados expressam veementemente sua contrariedade, enquanto 3% se abstém, alegando não saber avaliar o tema. 

 

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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