Não adianta chorar
Por Rafael Cechin

A choradeira está, infelizmente, fazendo cada vez mais parte do nosso futebol. É o dirigente reclamando de uma arbitragem que ele mesmo poderia melhorar mas se omite, o jogador protestando contra qualquer decisão em campo, zagueiro de Seleção se expondo publicamente pedindo para que as críticas pelos erros que cometeu não sejam "covardes". Nada disso provoca outro efeito senão o distanciamento por parte da torcida. Os fãs escolhem outros esportes, outras cores, outros ídolos quando percebem fragilidade em suas preferências.
Que fique bem claro que não estou aqui reforçando o ultrapassado preconceito de que "homem não chora". Eu mesmo aprendi com a vida que o desabafo e dar chance para se abrir com os amigos são passos fundamentais em uma crise emocional.
A questão aqui é que estamos diante de uma solução antiprofissional e individualizada, que contradiz a necessidade de o futebol ser profissional e coletivo. Para mim, não à toa o Brasil coleciona resultados ruins e recordes negativos nos últimos tempos. Essa é uma das causas.
A gente não pode reclamar quando Neymar, o nosso principal craque de 15 anos para cá, vira símbolo mundial de simulações e contorcionismos fora de proporção em qualquer faltinha sofrida. Se os clubes brasileiros não conseguem vender atletas sequer perto dos valores que a Europa comercializa, é consequência disso também. Mesmo que o hexa possa vir com o time de Carlo Ancelotti a imagem do país está arranhada por atitudes impensadas e infantis.
Trazendo para a realidade da dupla Gre-Nal, repito o que já disse aqui: as direções vivem reclamando dos árbitros, do VAR, da CBF, se esquecendo no entanto que as falhas administrativas cometidas dentro de as próprias instituições que comandam são as grandes responsáveis pelo péssimo desempenho de uma década para cá.
Esperamos que mude. Em curto prazo, não vejo mais solução. A choradeira vai continuar. Inócua, porque não adianta chorar. Torçamos pelo menos que Grêmio e Inter retornem melhores dessa parada para as datas FIFA. Merecemos bem mais.