Não faça promessas para 2023 que não possam ser cumpridas

Por Márcia Martins

Tradicionalmente, nesta época de véspera da entrada de um novo ano, é comum as pessoas elaborarem listas com decisões ou promessas a serem realizadas nos 12 meses que se iniciarão. De todos os tipos imagináveis. Das mais simples, como ser mais presente na vida dos seus afetos. E até das mais sofisticadas, como reduzir drasticamente os gastos supérfluos. No entanto, quando a lista do próximo ano começa a ser pensada, muitos percebem que grande parte do que deveria ter sido efetivado, já que constava na relação anterior, ficou apenas no papel rascunhado ou no documento salvo no notebook.

Portanto, o mais coerente antes de enumerar o que precisa ser executado no próximo ano, e que não seja apenas mais um arremedo de boas intenções, é   fazer um checklist e ver o que ficou pendente de 2022. A partir daí, não faça promessas para 2023 que não possam ser cumpridas. Para que as mesmas não constem de nova lista em 2024. Mantenha o foco no básico e não vá além de suas possibilidades. Afinal, serão somente mais 12 meses que podem ser muito semelhantes aos anteriores, se a mudança não ocorrer dentro de cada um.

Comprometa-se com desejos que sejam viáveis, como adotar hábitos mais saudáveis, inovar com a ingestão de uma alimentação equilibrada, investir no cuidado com o corpo e encontrar alternativas para oferecer rotineiramente alguns instantes de sossego para a mente. Envolva-se com a perspectiva de alimentar com doses mais generosas de carinho as relações com familiares, amigos e pessoas do seu cotidiano. Aposte em atitudes que destaquem os seus sentimentos positivos e diminuam o protagonismo dos negativos.

Fuja das promessas que irão lhe exigir mais do que você poderá doar. Nada de decisões bombásticas. Ignore a tentação de elencar metas financeiras que escapem do seu orçamento e que não se encaixem no seu perfil econômico. O mais importante, em 2023, como em todos os novos períodos da nossa vida, é iniciar sempre com o pé no chão e de olho na realidade.

Como já escreveu Carlos Drummond de Andrade, no poema "Receita de Ano Novo", para ganhar um belíssimo Ano Novo, não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta e nem chorar arrependido pelas besteiras consumadas. Drummond reforça que "para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você tem que merecê-lo, porque é dentro de você que ele cochila e espera desde sempre".



Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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