Nunca mais!

Por Fernando Puhlmann

"A história é um profeta com o olhar voltado para trás:

 pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será."

 Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina.

O que está acontecendo, hoje, no Brasil é histórico. A eminente prisão de Jair Bolsonaro e de seus cúmplices, por tramarem um golpe de Estado contra a vontade soberana do povo, expressa de forma inequívoca nas urnas, não é apenas um ato jurídico: é um gesto civilizatório. É o Brasil dizendo, sem hesitação, que não há espaço para tirania, que não há mais lugar para as "viúvas do AI-5 de farda", sonhando com tanques nas ruas, e muito menos para políticos covardes flertando com o autoritarismo.

Eu nasci no início dos anos 70, em pleno regime militar. Em 1983, com apenas 10 anos, eu e uma colega de escola (lembra Gabriela?) escrevemos uma redação contra a ditadura. Não estávamos sozinhos - o País fervia com desejos de liberdade -, mas o sistema ainda era implacável. As professoras chamaram nossas mães para o colégio. Não foi para nos parabenizar, mas para adverti-las. Disseram que aquilo era "muito perigoso". Aos 10 anos, eu aprendi que pensar livremente no Brasil podia ser motivo de punição.

Cresci num País sufocado pela repressão, onde o medo era parte do cotidiano e o silêncio era imposto à força. Vi amigos, vizinhos e familiares engolirem sua voz para sobreviver. Vejo, com tristeza, os filhos de alguns deles empunharem a bandeira da extrema direita ou flertarem com ela hoje em dia. Vi a esperança nascer nas Diretas Já, vi o povo tomar as ruas exigindo o direito básico de escolher seus governantes. E vi também o quanto custou conquistar essa liberdade.

Por isso, hoje, não há como aceitar passivamente os apelos por "anistia" vindos da extrema direita. Não há como normalizar o absurdo de um vice-líder da oposição, o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), pedindo intervenção militar, como se nossa democracia fosse descartável. Eles ainda acreditam que podem manipular, distorcer, ameaçar e voltar ao poder por meio do caos. Mas o Brasil mudou. E não vai voltar atrás.

O que o ministro Alexandre de Moraes está fazendo não é apenas cumprir seu papel institucional: é colocar um ponto final em décadas de ameaças mal resolvidas. É mostrar que liberdade não é concessão, é conquista. E quem tenta destruí-la precisa responder por isso.

Liberdade se defende. Democracia se protege. E justiça se cumpre. O Brasil está, enfim, dizendo em alto e bom som: nunca mais à ditadura. Nunca mais ao golpe. Nunca mais ao medo.

Autor
Sócio-cofundador da Cuentos y Circo, Puhlmann é um dos principais especialistas em YouTube do país, com um olhar focado em possibilidades de faturamento na plataforma e uma larga experiência em relacionamento com grandes marcas do mercado de entretenimento. Além de diretor de Novos Negócios da CyC, tem também no seu currículo vários canais no país, entre eles o do escritor Augusto Cury, do Gov Eduardo Leite, Natália Beauty e do Grêmio FBPA, sempre atuando como responsável pela estratégia de crescimento orgânico dos canais. Já realizou palestras sobre a nova Comunicação juntamente com diretores do YouTube Brasil como a abertura do 28º SET Universitário da Famecos-PUCRS, o YouPIX/SP e o Workshop YouTube Gaming Porto Alegre. Desde 2013, Puhlmann ministra cursos, seminários e oficinas sobre YouTube, tendo mentorado mais de 30 canais nos últimos anos.

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