O comportamento do eleitor nas eleições proporcionais
Por Elis Radmann
Muitos ainda associam as pesquisas político-eleitorais apenas às disputas para cargos executivos, como governador ou prefeito. Mas, na prática, a maior parte dos candidatos a deputado têm uma base eleitoral concentrada em uma cidade ou região de referência, e é esse território que o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião se especializou em monitorar.
Quando se fala em comportamento do eleitor e tendência eleitoral, é importante compreender que cada período do processo político exige um tipo específico de diagnóstico. Há o momento de mensurar o nível de conhecimento, a imagem e a reputação dos candidatos, e o de medir a força dos apoios políticos e as dobradinhas naturais formadas pelos eleitores. E, claro, é vital compreender a viabilidade eleitoral, em que a intenção de voto é analisada dentro de um contexto estratégico.
Neste momento, nossas análises estão voltadas para um tema essencial: a importância que o eleitor atribui ao voto local, tanto nas eleições para o Legislativo estadual quanto federal, e o quanto ele tende a escolher candidatos de seu próprio município ou região.
É comum que formadores de opinião critiquem o eleitor por não priorizar candidatos locais, como se a escolha fosse uma responsabilidade exclusiva do cidadão. Essa leitura, entretanto, ignora um ponto fundamental: o eleitor reage ao que lhe é apresentado. Suas decisões refletem a forma como os políticos se posicionam, como constroem sua presença no território e como os partidos organizam suas campanhas.
Para entender a dinâmica do voto local, é preciso observar também as estratégias dos partidos políticos, que frequentemente estimulam a dispersão do voto ou reforçam um padrão mais estadualizado de escolha. O primeiro movimento ocorre quando múltiplos candidatos são lançados na mesma cidade, o que transforma a disputa para deputado em uma espécie de "eleição de vereador em maior escala". Essa fragmentação é motivada pelos diretórios regionais, que precisam espalhar candidaturas pelo estado para maximizar votos de legenda.
Em paralelo, nomes com visibilidade estadual acabam atraindo eleitores por sua presença constante na mídia, por sua atuação em projetos esportivos, culturais ou assistenciais. Nesse cenário, três lógicas costumam influenciar o comportamento do eleitor:
1. Os candidatos natos - deputados que buscam a reeleição e preservam vínculos com suas bases por meio de uma estratégia ativa nas redes sociais e pela destinação de emendas parlamentares.
2. Os nomes midiáticos - personalidades associadas aos meios de comunicação ou a projetos com grande visibilidade pública, capazes de mobilizar atenção para além das fronteiras regionais.
3. Os candidatos de critério político - aqueles que representam uma causa, uma identidade profissional ou uma base ideológica, como professores que se projetam a partir da defesa da categoria e conquistam votos em várias regiões do estado.
Essas estratégias ajudam a explicar por que o voto nem sempre permanece no território de origem do eleitor: muitas vezes, o eleitor apenas responde ao que os partidos oferecem como alternativa.
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