O desejo do eleitor

Nesta época é comum questionarem o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião sobre as expectativas do eleitor para o pleito de 2018. As perguntas correntes são as seguintes: O que o eleitor está pensando? O que ele quer nesta eleição?

O eleitor continua querendo o que queria, os velhos dilemas e almeja pelo retorno do que perdeu, que configuram as novas dúvidas!

O eleitor continua com os velhos dilemas: como dificuldade de acesso a saúde, deficiências na área da educação e muitas demandas na área de infraestrutura. Nas pesquisas de opinião, em época de eleição, a maior parte dos eleitores arrola todos os problemas cotidianos, sem se preocupar com a esfera responsável (municipal, estadual ou federal). 

Os dilemas da área da saúde continuam na dificuldade de acesso ao atendimento médico e se acirra nos prazos de marcação de exames, no agendamento de cirurgias e na busca de medicação especializada. Os eleitores percebem o avanço da medicina e o retrocesso do sistema público de saúde que, em muitos casos, precisa da ordem judicial para garantir a sobrevivência de um paciente.

Há muita preocupação com a área da educação. A população percebe que há uma displicência com esse setor. Esta displicência é percebida pela falta de manutenção dos prédios das escolas públicas e pela diminuição do status dos professores, que tiveram que abandonar a luta pelo piso salarial e brigar pelo pagamento dos salários em dia. Uma escola é feita por estrutura física e por pessoas, se há problemas nestas duas áreas há problemas na educação.

A preocupação do eleitor com a infraestrutura perpassa, principalmente, a situação das ruas de sua cidade e das rodovias. Os eleitores reclamam de problemas crônicos de mobilidade urbana que afetam o seu cotidiano, aumentam a insegurança no trânsito e até dificultam o escoamento da produção.

Mas há os novos dilemas e que serão a 'sensação' dos debates eleitorais. Os novos dilemas estão associados a segurança pública e a situação da economia.

A segurança pública é a grande preocupação do eleitor, que tem repensado a sua posição quanto ao desarmamento e alterado suas práticas cotidianas para diminuir as chances de ser uma vítima aleatória.

A diminuição do poder de compra e o aumento do desemprego é um outro dilema da população que não está satisfeita com o rumo da economia.

Os velhos dilemas represados, aliados aos novos dilemas fomentam uma alta expectativa de eleitores decepcionados com os escândalos de corrupção: cenário para um 'salvador da pátria'.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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