TDAH e o turbilhão que também é lar
Por Luan Pires

Talvez a gente seja o que os outros enxergam... ou o que ninguém percebe.
O riso fácil que jogamos pro mundo... ou o peso que carregamos por dentro.
O que falamos sem pensar... e o que engolimos em silêncio.
O remédio que ajuda... mas também a dor que teima em ficar.
Os traumas que moldam... mas também o esforço diário pra seguir em frente.
As cicatrizes que contam histórias... e o jeito que a gente aprende a conviver com elas. Ser ou tentar ser. Estar ou só existir.
O medo que segura pelo braço... e o passo que a gente dá mesmo tremendo.
Às vezes, recebemos um diagnóstico e somos o que não somos.
Ou o que não éramos, agora somos.
Somos a cabeça que dispara sem aviso.
As mil ideias ao mesmo tempo, a bagunça bonita.
O fio solto que não se ajeita... e a explosão de pensamentos que não cabem em lugar nenhum.
Criativos e caóticos ao mesmo tempo.
Mas, também cansados de ser assim.
O esforço pra se encaixar num mundo que só aceita linhas retas.
O amor que recebemos... e as marcas que ele deixou.
O carinho que ficou... e as ausências que ainda pesam.
As lembranças boas, os abraços que aquecem, mas também as palavras que machucaram. O jeito de amar que a gente aprendeu sem perceber.
O esforço pra ser gentil. A paciência que falha às vezes.
A vontade de acolher... e a realidade de nem sempre dar conta.
A exaustão de existir... e a tentativa de continuar, mesmo assim.
Talvez sejamos tudo isso ao mesmo tempo.
Pedaços inteiros, partes soltas, fragmentos que encaixam e desencaixam.
O que já fomos, o que somos, o que ainda seremos.
Porque no fim, somos Vida.
E eu, Vida, sou todos vocês.
Com amor, Vida.