Um lar sem cachorro é sinônimo de monotonia

Por Márcia Martins

Desde que o vira-lata Quincas Fernando foi adotado lá no início de fevereiro de 2018, a minha vida passou por uma mudança radical nas atividades diárias. Ao contrário do calmo cachorro Dalai, da raça shih tzu, que faleceu em novembro de 2017, o novo habitante mostrou-se ativo, ágil, mais brincalhão e ávido por atenção. Consegui enrolá-lo enquanto morava no bairro Bom Fim e, no máximo, lhe proporcionava rápidos passeios em volta do edifício. E apenas esse movimento, já deixava o Quincas bem feliz e recompensado. Um sossego.

Mas, o início da guarda compartilhada (divido o cuidado do Quincas Fernando com minha filha e nora), em agosto de 2019, e a mudança para o bairro Cidade Baixa, deixou o cão mais esperto e instável - talvez em função de novos hábitos - e ele começou a exigir passeios mais longos. Assim, quando ele está comigo, dedico no mínimo uma hora e meia da tarde (quando não chove, é claro) para suas corridas e brincadeiras no cachorródromo do Ginásio Tesourinha. Ao retornar, Quincas mostra-se exausto e descansa com suas enormes patas esticadas no sofá.

Entendi adequado tratar deste assunto na coluna desta quarta-feira (também para fugir um pouco do assunto política e feminismo), porque ontem, 4 de outubro, foi o Dia de São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos animais. E uso esse espaço para aconselhar leitores e leitoras a adotarem um cãozinho. Não só porque um cachorro modifica positivamente a rotina de todo e qualquer lar. Mas, principalmente, porque existem muitas ONGs precisando que os caninos ganhem uma nova casa.

Uma casa com um cachorro tem alguns problemas. Não nego. Citarei poucos para não assustar quem estiver pensando na adoção. A limpeza necessita ser mais eficiente. No mínimo, é preciso varrer o lar umas duas vezes ao dia e passar aspirador umas três vezes na semana porque os cães soltam muitos pelos. Se o cusco aprendeu a fazer as suas necessidades no seu cantinho, mas sabe que irá para a rua, pode ficar, às vezes, se controlando, o que é ruim nos dias de chuva forte. E os gastos com saúde são bem elevados (mas já existem planos para os cuscos, aliviando o orçamento dos tutores).

Mas, ao adotar um cachorro e ele perceber que é merecedor de tanto amor, você nunca mais será um ser sozinho, você nunca mais será recebido ao chegar em casa sem uma festa surpreendente, pulos, latidos e demonstrações de alegria, como se tivesse ficado quatro horas longe (eles não têm a noção do tempo) e você jamais será julgado pelas suas posses, suas roupas, sua geladeira cheia ou vazia. Para um cão, no momento em que você o escolhe e lhe dedica amor e atenção, você passa a ser a pessoa mais especial no mundo.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

Comentários