Viver não é um jogo do Mário Kart

Por Luan Pires

Eu falei um pouco disso na última coluna e o Luan me chamou de egocêntrica. Mas, às vezes, vocês precisam de um tutorial. Ficam tão preocupados em me classificar que acabam dizendo "isso é coisa da vida" quando na verdade, não é, não. Não venham colocar suas decisões ruins nas minhas costas já cansadas. Por isso, deixa eu falar o que não é a vida.

Eu não sou um manual de instruções. Não dou uma nota para como vocês desempenham suas existências (ainda bem, pra vocês!). Eu não sou uma reta em que vocês precisam se movimentar em competição uns com os outros. Tipo um jogo de Mário Kart, onde todos precisam ficar desviando das bombas e derrubando outros personagens só pra chegar na frente. Não, não, eu não sou tão cruel. Parem de ser bobos! Perdem tanto tempo tentando competir com o coleguinha do lado sendo que ele nem na mesma estrada está! Cada um tem o seu circuito, o que vocês precisam é dar uma volta mais rápida do que a anterior. O inimigo de vocês é apenas seu próprio processo de evolução. Gastem mais energia se melhorando e menos atirando cascos de tartarugas uns nos outros.

Eu não faço sentido. Vocês não foram criados com uma função específica, como uma cadeira: "Essa cadeira vai ser criada para os outros sentarem e 'tcharã'". Ela foi criada para outros sentarem. Não. O propósito de vocês vem depois da criação. Parem de ser preguiçosos e encontrem - vocês! - seu próprio propósito, ou não. Mas o motivo da caminhada não vai ser entregue por mim num mapa bonitinho. Não tem mapa! Só o caminho. Se acostumem.

Por último, não façam essas idiotices preconceituosas em meu nome. Vai doer o que vou falar agora, mas pra mim, vocês são tão minúsculos em significância que são todos iguais. Todos querem no fundo amar e serem amados, todos querem sentir o reflexo do trabalho duro se concretizar em suas vidas, todos têm dores (maiores ou menores), todos procuram o amor de uma vida com o medo de se entregar para um amor para a vida toda. Todos são lindos e feios e bobos e infantis e não fazem o menor sentido. E tudo bem. Sejam mais carinhosos e gentis uns com os outros. Vocês são fragmentos de vidro quebrados que foram se recuperando e se juntando e se formando de forma única para brilhar na caminhada. Então brilhem.

E parem de colocar a culpa de tudo em mim. Ninguém é vítima da vida, no mínimo, somos sócios.

Com amor, Vida.

Autor
Luan Nascimento Pires é jornalista e pós-graduado em Comunicação Digital. Tem especialização em diversidade e inclusão, escrita criativa e antropologia digital, bem como em estratégia, estudos geracionais e comportamentos do consumidor. Trabalha com planejamento estratégico e pesquisa em Publicidade e Endomarketing, atuando com marcas como Unimed, Sicredi, Corsan, Coca-Cola, Auxiliadora Predial, Deezer, Feira do Livro, Museu do Festival de Cinema em Gramado, entre outras. Articulista e responsável pelo espaço de diversidade e inclusão na Coletiva.net, com projetos de grupos inclusivos em agências e ações afirmativas no mercado de Comunicação. E-mail para contato: [email protected]

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