Nova era da mídia envolve personalização, dados e conexão com o público

Painel no 27º Congresso da Agert reuniu líderes da Jovem Pan, Rede Globo e Grupo RBS para debater caminhos e transformações da radiodifusão no Brasil

Carlos Fini, Roberto Araújo (Jovem Pan), Bruno Vila Verde (Globo) e Tiago Cerqueira (Grupo RBS) durante painel na tarde de hoje - Crédito: Coletiva.net

O futuro da mídia será digital e o presente cada vez mais conectado. Essa foi a mensagem central do painel 'O futuro da mídia será digital. Porquê?', realizado na tarde desta segunda-feira, 27, durante o 27º Congresso Gaúcho de Rádio, Televisão e Comunicação, promovido pela Associação Gaúcha de Rádio e Televisão (Agert), em Canela. 

Mediado pelo jornalista Carlos Fini, o encontro reuniu nomes de peso do setor: Bruno Vila Verde, gerente sênior de Estratégia Corporativa e Parcerias da Rede Globo; Roberto Araújo, CEO do Grupo Jovem Pan e Tiago Cerqueira, gerente-executivo de Esportes do Grupo RBS.

Abrindo o painel, Fini destacou a mudança no consumo de mídia e a importância de estar presente em todas as plataformas. "Hoje, o ambiente doméstico é dominado por aplicativos. Fora de casa, o celular é o centro de tudo. Nenhum jovem sabe mais sintonizar uma FM. Caso a sua rádio não esteja em um app está fora do jogo", provocou o mediador.

Ele mostrou o exemplo de um painel automotivo de um carro americano: o ícone do rádio tradicional divide espaço com dezenas de aplicativos de streaming. "No mundo digital, quem não tiver presença por app desaparece", reforçou.

DTV+: a TV aberta na era digital

O representante da Globo, Bruno Vila Verde, apresentou o case da DTV+, projeto que promete revolucionar o sinal da TV aberta no país. "O futuro já começou. A DTV+ é a chegada da TV aberta na arena competitiva dos aplicativos. É uma loja de apps onde o usuário pode favoritar suas emissoras preferidas", exemplificou.

Bruno destacou que a TV e o rádio continuam sendo os veículos com maior alcance e brasilidade. "Precisamos inovar, testar e, acima de tudo, trabalhar em parceria. Essa transformação só é possível com colaboração entre emissoras, fabricantes e afiliadas", afirmou.

Com a DTV+, o consumo passa a ser logado, permitindo personalização, interatividade e segmentação publicitária. "Com o login, sabemos quem é o usuário, seus gostos e hábitos. Isso nos permite oferecer uma jornada customizada, integrar publicidade com T-commerce e fortalecer o hiperlocalismo", completou. A previsão é de que a implantação ocorra de forma gradual, com destaque para 2026, ano da Copa do Mundo, com um plano de expansão de 10 anos.

O conteúdo é o centro de tudo

O CEO do Grupo Jovem Pan, Roberto Araújo, provocou o público ao afirmar que "o futuro já é digital - e o passado também". Ele relembrou a transformação da emissora em uma empresa de conteúdo multiplataforma. "A Jovem Pan foi pioneira no conceito de rádio que virou TV. O conteúdo deixou de ser apenas diferencial técnico, ele é o centro de tudo", pontuou.

Araújo apresentou ferramentas de Inteligência Artificial desenvolvidas internamente, como a Sampi IA, usada para acelerar a apuração e a publicação de conteúdos. "Não substituímos a redação. A curadoria nunca foi tão necessária. A nova moeda da mídia é o contexto e a confiança", ressaltou. Segundo ele, os anunciantes não compram mais espaços, mas jornadas de relevância. "O digital não matou o off-line, apenas quem não soube se transformar", completou.

RBS: conteúdo local, audiência global

Representando o Grupo RBS, Tiago Cirqueira destacou a estratégia de digitalização da empresa, focada em fidelização e personalização de conteúdo. "Nosso desafio é conectar 11 milhões de gaúchos todos os dias. O rei não é mais o conteúdo, é o usuário", afirmou.

O executivo apresentou cases de inovação digital da RBS, como o Brazuca League, o fortalecimento dos produtos esportivos multiplataforma e a integração de áudio, vídeo e streaming. "O digital não tem fim - ele é a soma do que já foi escrito, falado e produzido. É sobre criar comunidade e gerar receita a partir da relevância local", explicou.

Cirqueira também defendeu o papel da experimentação. "A lógica é testar, buscar o parceiro certo, assumir riscos e aprender rápido. Estar parado não é uma opção", concluiu. 

Encerrando o painel, os debatedores foram unânimes: a radiodifusão precisa ocupar todos os espaços digitais, sem abrir mão da credibilidade. "Não devemos competir com as plataformas e sim jogar o mesmo jogo", resumiu Fini.

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