Agências analisam impactos da Inteligência Artificial e observam estabilidade nas conversões
Estudo aponta que plataformas de busca por IA podem reduzir o tráfego em sites, mas direcionam consumidores com maior intenção de compra

As agências de Marketing internacionais Dentsu, Monks e Wpromote apresentaram, recentemente, uma pesquisa que revela que, mesmo com a redução do tráfego em sites de marcas causada pelo avanço da busca por Inteligência Artificial (IA), as conversões permanecem estáveis e, em alguns casos, em crescimento. O levantamento foi divulgado recentemente, em reportagem do veículo norte-americano Ad Age.
Especialistas explicam que a diminuição do volume de visitas está relacionada a plataformas como ChatGPT e Google, que concentram informações e oferecem respostas diretas aos usuários. Apesar disso, os consumidores que chegam aos sites por meio dessas ferramentas apresentam maior interesse em produtos e serviços, gerando taxas de conversão positivas. Em determinados setores, esse índice chegou a aumentar 30%, em relação ao ano passado.
Tráfego de topo de funil em transformação
Segundo as análises, a maior parte da queda afeta interações de topo de funil, como cliques gerados por anúncios em buscadores tradicionais. Para Rachel Klein, vice-presidente de mídia da Wpromote, esse movimento não tem refletido negativamente no desempenho. "As impressões ainda são altas, as conversões também estão boas, as mudanças estão acontecendo mais no tráfego", afirmou ao Ad Age.
Na Dentsu, a constatação foi semelhante. De acordo com Rachael Murdoch, head de SEO da empresa, parte do tráfego perdido pode ter sido pouco relevante. "Você pode até ter conseguido um clique, mas isso serviu de algo? Foi útil?", questionou. A percepção é de que a IA pode estar filtrando usuários com menor probabilidade de compra, deixando espaço para consumidores mais qualificados chegarem às páginas das marcas.
Estratégias e ajustes do mercado
Já a Monks relatou queda de até 30% em cliques orgânicos em alguns clientes, mas observou crescimento nas taxas de conversão. Conforme a agência, setores de modelo B2C apresentaram maior resiliência, enquanto áreas B2B sentiram mais o impacto, em razão do ciclo de compra mais longo. A Similarweb, em parceria com a Semrush, também registrou oscilações diferentes entre segmentos: enquanto varejistas como Zara e Macy's registraram aumento de tráfego.
Este cenário tem levado agências a revisarem suas estratégias. Um dos caminhos mencionados pelos especialistas é a adoção de técnicas de 'Answer Engine Optimization' (AEO), voltadas para melhorar a presença em respostas fornecidas por plataformas de busca por IA. A medida objetiva assegurar que marcas continuem visíveis para consumidores com maior intenção de conversão.
Perspectivas para o futuro
Embora o debate ainda esteja em evolução, a principal conclusão dos estudos é que a queda no tráfego não significa, necessariamente, perda de desempenho comercial. O impacto da Inteligência Artificial se mostra mais concentrado em interações iniciais, mas sem comprometer etapas decisivas da jornada de compra.
De acordo com Linda Cronin, vice-presidente executiva da Monks, a expectativa é que o mercado siga se adaptando: "Estamos tentando entender a situação", declarou. Já a Google tem buscado tranquilizar marcas e publicadores, defendendo que, mesmo com mudanças no tráfego, os usuários que acessam os sites tendem a ser mais valiosos para os negócios.