Coletiva.net informou na última sexta-feira, 4, a saída de alguns patrocinadores da rádio Gaúcha e, inclusive, atualizou a lista durante o dia. Ainda houve uma série de pronunciamentos de outras marcas após o encerramento do noticiário do portal. Além das empresas, que se manifestaram contra os comentários dos jornalistas David Coimbra e Kelly Matos sobre o assalto a uma agência do Banco do Brasil em Criciúma (SC) , durante o programa 'Timeline', a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também emitiu nota de repúdio. 

Conforme a reportagem apurou, dentre as empresas que deixaram de investir nos veículos do Grupo RBS estão a Bazka Pizzaria, a Clínica Alfamen, o Hospital Ernesto Dornelles, a Sinoscar e a Uniritter. Em comunicado, a instituição de Saúde salientou que um crime sempre é um crime e esta é uma verdade que se precisa respeitar. "Em consideração aos agentes da segurança pública e às pessoas afetadas pela ação criminosa, informamos aos nossos clientes que não daremos continuidade ao patrocínio do referido programa", escreveu.  

A Sinoscar, por sua vez, emitiu uma nota repreendendo o ocorrido. "Não há contexto possível para os comentários desrespeitosos proferidos pelos profissionais, uma vez que se trata do maior assalto já realizado na cidade, que resultou em uma pessoa gravemente ferida e provocou pânico em toda a população", advertiu. 

Em nota de repúdio, a PRF salientou que respeita a liberdade de expressão, assim como considera essencial o trabalho da imprensa. "Entretanto, é lamentável que profissionais que atuem em meios de Comunicação de massa emitam posicionamentos que atentem contra a ordem, incitem a prática de crime e desprezem o valor da vida humana", apontaram. 

A equipe de Coletiva.net procurou a presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), Liana Bazanela, para saber a opinião da entidade a despeito do afastamento de patrocínios ao programa. Para a publicitária e sócia-fundadora da Do It, o ambiente é naturalmente de preocupação, quando qualquer elemento que não seja questões técnicas, com a independência total dos veículos e a livre opção das marcas de planejarem seus esforços de comunicação interfere nas decisões. "Em um contexto inegavelmente mais tensionado, a entidade entende que deve fazer um papel de mediadora e aproximar os anunciantes dos veículos, desconstruir qualquer contexto mais polarizado e harmonizar a indústria", aborda, ao destacar que a ARP procura fazer esse papel sem pré-julgar, bem como sempre compreendendo as diferentes perspectivas.

Em nota exclusiva ao Coletiva.net, o Grupo RBS destacou que não houve intenção de minimizar a gravidade da ação criminosa ou de ofender as empresas, os cidadãos e os policiais que foram feridos. Para a empresa, o episódio serviu de aprendizado e oportunidade para ampliar o diálogo com lideranças e entidades do Estado. Além disso, em relação aos patrocínios perdidos, contou que vem respeitando e dialogando com as marcas,

Confira o comunicado na íntegra:

O Grupo RBS e os comunicadores David Coimbra e Kelly Mattos se desculparam publicamente sobre as declarações emitidas no programa Timeline a respeito do assalto em Criciúma (SC). Tanto os profissionais quanto a RBS, em editorial publicado em Zero Hora do último sábado (5) e em GZH destacaram que não houve intenção de minimizar a gravidade da ação criminosa ou de ofender as empresas, os cidadãos e os policiais que foram feridos.  

A RBS entende que episódios como o da última semana servem de aprendizado e oportunidade para ampliar o seu diálogo com lideranças e entidades do Estado, o que já está sendo feito em várias dimensões, especialmente com o objetivo de seguir produzindo jornalismo sério, independente e que converge com os interesses e as causas das comunidades em que atua.

Quanto aos clientes, a empresa prontamente atendeu a todas as demandas de seus parceiros, com o objetivo principal de preservar suas marcas, e vem dialogando constantemente com todos, seguindo seus princípios e valores.