Cinco perguntas para Evandro Fontana
Comunicador passou recentemente pela experiência de acompanhar ao vivo o Conclave

1- Quem é você, de onde veio e o que faz?
Chamo-me Evandro Fontana, 56 anos, natural de São Marcos, jornalista formado pela Unisinos e com passagens por diversos veículos de comunicação do Rio Grande do Sul ao longo dos últimos 37 anos. Até os 10 anos de idade vivi na colônia com meus pais agricultores. Comecei na Comunicação como estagiário no setor de esportes da Rádio Caxias e cresci profissionalmente passo a passo como produtor, repórter, âncora de programas de rádio e TV, até chegar à coordenação de Jornalismo e à direção de emissoras de rádio em Caxias do Sul.
A experiência acumulada me oportunizou chegar à Secretaria do Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia para viver a experiência de atuar também na esfera pública. Hoje sou correspondente da Rádio Caxias na Europa a partir de Milão, na Itália.
2- Como surgiu a decisão de escolher o Jornalismo?
O Jornalismo entrou na minha vida muito cedo, era curioso e já nutria o interesse por notícias e transmissões ainda quando era adolescente. Meu primeiro emprego na área foi aos 19 anos de idade no departamento de esportes da Rádio Caxias.
Embora tenha concluído a graduação em Relações Públicas na Universidade de Caxias do Sul, foi no Jornalismo que foquei desde o início e as oportunidades foram surgindo como consequência. Acompanhei neste tempo todo diversas transições tecnológicas que impactaram no Jornalismo. Daí a necessidade permanente de atualização e de abertura às novidades, algo que prezo sempre.
3- Durante a eleição no novo papa esteve como correspondente da Rádio Caxias. Como foi a experiência de viver esse momento e também se houve dificuldades enfrentadas?
Recentemente esta experiência de acompanhar ao vivo o Conclave que escolheu o Papa Leão XIV foi, sem dúvida, um dos momentos mais marcantes da minha trajetória. Além da grandiosidade do evento, com cerca de 6.000 jornalistas credenciados, havia um interesse mundial em saber quem seria o sucessor de Francisco. Uma cobertura multimídia, com entradas ao vivo na programação e ao mesmo tempo o abastecimento de conteúdo das redes sociais e site, com vídeos e textos, acabou sendo algo muito desafiador, mas extremamente gratificante.
Semanas antes do Conclave também estive no Vaticano para acompanhar o funeral do Papa Francisco. Naquele momento havia também uma atenção global, pois além da figura do Papa em si, estavam presentes dezenas de reis, chefes de estado e de governo. Um fortíssimo esquema de segurança que impactou também na atuação dos profissionais de Comunicação, todos obrigados a passar por detectores de metais e scanners, bem como a seguir um rigoroso esquema protocolar.
4- Quais momentos que transmitiu para o Brasil e que mais lhe marcaram e por quê?
Além das coberturas recentes envolvendo a morte e o funeral de Francisco e a escolha do novo Papa, tive a oportunidade, em 2014, de fazer um estágio na Rádio do Vaticano. Naquela ocasião, pude realizar a tradução simultânea de um discurso do Papa Francisco na Calábria que repercutiu muito à época, pois ele condenou de forma veemente a atuação da máfia, numa terra onde as organizações criminosas se infiltraram em diversos setores sociais, políticos e econômicos.
Logo depois, Francisco promoveu um encontro entre o líder de Israel, Shimon Peres, e da Palestina, Mahmoud Abbas, nos Jardins do Vaticano. Ali, os três plantaram uma oliveira na tentativa de alcançar uma paz cada vez mais difícil. Também foi uma grande experiênciar poder traduzir para o Brasil o discurso do líder palestino. Ao longo dos últimos anos foram incontáveis as notícias marcantes que pude divulgar diretamente da Europa. Uma das mais impactantes e que influencia a geopolítica mundial ainda hoje, foi a invasão da Ucrânia pela Rússia na madrugada de 24 de fevereiro de 2022. Algo que mudou o cenário global, pois a Europa não via um conflito em sua própria casa desde o final da Segunda Guerra Mundial.
5- Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Tenho procurado cada vez mais equilibrar vida pessoal e vida profissional. Algo difícil para quem atua no Jornalismo. No entanto, a comunicação nasceu e cresceu dentro de mim e procuro realizar com muito amor e dedicação o trabalho para a Rádio Caxias. Nos próximos cinco anos, certamente, novos projetos surgirão e estou disposto a abraçá-los como sempre.
O fato de estar na Europa abre horizontes incríveis e permite olhar o mundo através de uma perspectiva muito abrangente. Sempre penso que estes desafios não podem passar em branco. Precisam ser aproveitados, não apenas para a minha realização profissional como jornalista, mas também porque o público precisa cada vez mais de fontes confiáveis. Espero seguir sendo uma delas, apesar das pressões de alguns setores que tentam desqualificar o jornalismo profissional na tentativa de impôr a todos seus sórdidos interesses políticos ou econômicos.