Tenda de jornalistas palestinos é bombardeada após reunião com Fenaj
Local alvo da violência sediava o 'Centro de Solidariedade de Jornalistas em Gaza'
A tenda de um grupo de jornalistas palestinos, que sediava o 'Centro de Solidariedade de Jornalistas em Gaza', foi bombardeada por forças militares de Israel nesta quinta-feira, 25. O ataque ocorreu logo após uma videoconferência organizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pelo Sindicato dos Jornalistas da Palestina e pela Embaixada da Palestina no Brasil. Informações da Fenaj afirmam que pelo menos 20 profissionais estavam presentes.
Foi relatado por uma fonte árabe, durante a tarde, que estava próxima ao local do ataque, que todos os profissionais conseguiram escapar com vida. A jornalista freelancer Fidaa Asaliya, que estava na tenda no momento da violência, declarou que os profissionais da imprensa na Palestina estão pagando com a própria vida o preço de transmitir a verdade ao mundo. "Estamos em um bombardeio contínuo que está ameaçando as nossas vidas constantemente, mas seguimos fazendo nosso trabalho", afirmou.
O encontro recebeu Naser Abu Baker, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Palestina e o vice-presidente da entidade, Tahseen Al Astal, além de nove profissionais com atuação na Faixa de Gaza. A reunião serviu para que fossem apresentados números que comprovam que a imprensa local é um dos alvos prioritários da oposição israelense.
De acordo com os dados revelados na conferência, dos cerca de 1,6 mil jornalistas profissionais registrados no local, 252 foram mortos em ataques desde o início da ofensiva no enclave palestino. Outros 400 foram feridos e cerca de 200 estão presos. Ao menos 600 familiares destes profissionais também foram mortos na guerra.
Segundo relatos, aqueles que não morrem durante os ataques, têm as casas bombardeadas, o que os obriga a se deslocarem incessantemente. Samir Khalifa, que também é jornalista em Gaza, afirma que, em 23 meses de guerra, já teve que se realocar 18 vezes. Fidaa comenta que, para a ocupação, não há distinção entre alguém da imprensa, um cidadão ou um membro da resistência.
De acordo com o Sindicato de Jornalistas da Palestina, 647 imóveis residenciais de profissionais de imprensa foram destruídos pela invasão das forças militares de Israel. A entidade ainda afirma que, nos dois anos de ocupação israelense, 3,4 mil jornalistas foram proibidos de entrar no enclave, sendo que 820 deles são oriundos do principal aliado de Israel, os Estados Unidos.
A presidente da Fenaj, Samira de Castro, lamenta o acontecido e diz acreditar que Israel possa ter monitorado a transmissão, que justamente tinha o intuito de dar espaço de fala para os colegas palestinos. "A ideia da reunião foi promover a oportunidade de nossos colegas palestinos, que estão sendo assassinados brutalmente, relatarem a realidade que enfrentam para noticiar sobre uma ofensiva que já matou quase 70 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças."
Em nota, o Comitê Editorial e de Programação (Comep) e o Comitê de Participação Social, Diversidade e Inclusão (CPADI), ambos fóruns de participação social da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), manifestaram repúdio ao bombardeio que atingiu o Centro de Solidariedade de Jornalistas em Gaza. As notas reiteram apoio aos palestinos e afirmando que o episódio confirma que Israel monitora e persegue membros da imprensa que procuram denunciar o genocídio em Gaza. Os comitês exigem das Nações Unidas medidas urgentes e concretas para cessar os ataques de Israel.
Coletiva