Beatriz Moraes: Determinação, sempre

Gerente de marketing do Jornal do Comércio, Beatriz Moraes não descansa na busca pelo crescimento profissional

Persistente, dedicada, motivada, criativa, apaixonada. São muitas as caraterísticas de Beatriz Moraes, 36 anos, que se destacam e não há dúvidas que todas elas têm papel essencial nos caminhos profissional e pessoal. Afinal, foi acompanhada dessas qualidades que retornou ao Estado após oito anos vivendo em Curitiba, para traçar a trajetória na área da Comunicação. Com grande parte da carreira delineada no Jornal do Comércio, a atual gerente de Marketing não esconde o gosto pela profissão. "É uma área muito efervescente, encantadora, onde tu tens que encantar para vender e, quando se vende com paixão, tudo fica mais fácil", resume.
"Gaúcha de nascimento e paranaense de coração", como gosta de dizer, Beatriz é natural de Santo Augusto, na região norte do Estado. Foi por meio de uma amiga que, há 18 anos, se envolveu com o meio da Comunicação, área da qual, desde então, não saiu mais. Antes de chegar ao marketing, passou pelo comercial da revista Expressão, do Paraná. A abertura de um escritório da publicação no Rio Grande do Sul foi o que a trouxe de volta. Hoje, se diz apaixonada por Porto Alegre: "Daqui só saio para Barcelona", brinca, referindo-se ao sonho de morar na cidade espanhola.
Da prática à teoria
Diante das particularidades do mercado gaúcho, a revista Expressão passou por dificuldades. Assim, surgiu o desejo de mudar de área. "Do tempo do fotolito", segundo diz, lembra que, em vez de enviar um office boy para entregar os anúncios da revista, ia pessoalmente às redações. Foi assim que conheceu Luis Fernando Guerra, atual gerente de administrativo e vendas do Jornal do Comércio, a quem atribui a responsabilidade por sua entrada no impresso, em 1999, ocupando o cargo de coordenadora de Planejamento e Marketing. À época, em processo de reestruturação, o jornal não dispunha de um departamento específico na área. "Era apenas eu, sozinha. Então, tive que buscar o meu crescimento", explica.
A passagem do universo comercial para o do marketing - que, "ao contrário do que muitos pensam, são bem diferentes", frisa - exigiu aperfeiçoamento. Na posição de gestora, compreendeu que precisava entender melhor aquele que seria um novo mundo. Frente às dificuldades para encontrar o curso que atendesse às suas expectativas, conta que, na época, até relutou contra a ideia de fazer faculdade. "Como tinha a prática, precisava do conhecimento acadêmico", reconhece.
A resistência durou pouco até que descobriu, pertinho de casa, a Fargs (Faculdades Rio-grandenses), que oferecia graduação em Administração com habilitação em Marketing. Desde então, não parou mais. Formada, cursou especialização em Marketing e em Publicidade e Propaganda, pela ESPM, e neste ano iniciou pós-graduação pela Ufrgs. Antes vista como um desafio, a vida acadêmica transformou-se em um desejo, uma espécie de passaporte para um outro sonho: o de lecionar.
Relações calorosas
Beatriz é uma das três mulheres - junto com Lurdes e Eladi - de uma prole composta por mais cinco homens - Claudomiro, Rogério, Gelson, Gilmar e Jair. Filha do agrônomo aposentado Adargil Alves de Moraes, 76 anos, e de Vilma Santos da Silva (falecida), é a única habitante da capital gaúcha entre os irmãos, que vivem em Curitiba, Paraná, e em Fraiburgo, Santa Catarina. "Minha família é um pouco andarilha. Os pais acompanham os filhos", explica, referindo-se às mudanças de estado.
Apesar da distância, se diz muito família, característica que leva em todas as suas relações, inclusive com a equipe de trabalho, hoje composta por seis profissionais. "Tenho uma relação muito próxima com as pessoas, muito calorosa e isso, com certeza, vem da minha família", acredita.
Como uma recordação agradável da infância, tem na memória o primeiro dia de aula, quando foi levada até a porta da escola pela mãe. "Amava ir pra aula e essa é uma das marcas mais incríveis, lembro perfeitamente daquele dia", recorda. A mãe, aliás, está em boa parte de suas memórias, como nos cuidados quando ficava de cama com doenças comuns nos tempos de crianças - catapora, por exemplo.
De personalidade forte, aos 11 anos já tinha vontade de morar sozinha, "fazer a própria vida". Aos 15, foi morar com Gelson, irmão quatro anos mais velho. "Aprendi muito com ele e, hoje, diria que ele é o meu segundo pai", afirma.
Uma por todos
O comprometimento, o engajamento e a motivação já lhe renderam alguns elogios. Usando da criatividade, tem a capacidade de revelar a beleza na simplicidade. É isso, aliás, o que costuma fazer em eventos. "Tu me dá um espaço vazio e quando chegar lá, terás um encantamento", garante. Persistente, se diz praticamente perseguida pela motivação. Quando vê que as coisas não saem como gostaria, contorna facilmente a situação, mudando o clima do ambiente.
Rápida no raciocínio e na ação, muitas vezes acaba atropelando as etapas de uma tarefa. Bastante exigente, faz questão de ter a equipe ao seu lado nos caminhos trilhados. "O meu perfil de líder não é eu lá na frente e os outros atrás e, sim, juntos. O que eles sabem, eu vou aprender e o que eu sei, eles vão aprender." Lembra que, para o trabalho de conclusão de curso, indicou como orientadora a professora mais temida da faculdade. "Eu queria alguém com quem eu fosse aprender", esclarece.
Reafirmando a tese que leu em um livro, acredita que toda pessoa deveria ter um guru. No seu caso, no entanto, são três. O primeiro é o diretor Comercial do jornal, Luiz Borges, a quem tem como referência profissional pelo trabalho baseado na ética e na responsabilidade. "Ele é um cara de muita visão e muito do que me faz acreditar no meu trabalho é o fato dele acreditar", explica. No campo pessoal, o posto é ocupado pelo ex-marido Sérgio Lagranha, com quem viveu por 10 anos. "A gente tem uma relação muito rica, de troca de conhecimento e convivência", explica. Já no meio acadêmico, se diz apaixonada pela percepção do teórico Philip Kotler enquanto gestor.
O que lhe cai bem
É de autoria de Kotler um dos livros que ocupa a sua mesa de trabalho: "Administração de Marketing". Faz companhia à obra "As melhores e primeiras páginas de jornais brasileiros", da Associação Nacional de Jornais. Na lista das recomendadas estão "A Cauda Longa", de Chris Anderson, e "O Segredo de Luísa", de Fernando Dolabela - "uma aula sobre empreendedorismo", segundo ela. Na literatura, destaca o romance "O Perfume", do escritor alemão Patrick Süskind. Mas as atenções agora são dispensadas a Marketing 3.0, também de Philip Kotler.
Quando se trata da sétima arte, o filme "Melancolia", de Lars Von Trier, é uma referência. Também diz que não se cansa de assistir à "Meia-noite em Paris", de Woody Allen, e "A Fantástica Fábrica de Chocolate", de Tim Burton. Estes dois, aliás, seus diretores preferidos. Em estilo musical, não tem preconceitos. Acredita que quem trabalha com comunicação deve ouvir e assistir de tudo um pouco. No momento, a música brasileira tem espaço especial no repertório, que também inclui jazz e blues. Marisa Monte, Norah Jones, Adele e Nina Simone, portanto, são algumas das cantoras que ganham seus ouvidos.
Apenas ser feliz
Para Beatriz, o dia começa cedo, acorda por volta das 6h30 e se organiza para o trabalho. Ao meio-dia, três vezes na semana, frequenta a academia. Já as noites de segunda a quinta-feira são dedicadas às aulas da pós-graduação e as manhãs de sábado, ao estudo de inglês. Quando possível, "passo na casa de uma amiga, tomo chimarrão, como bergamota", conta, descontraindo. Os fins de semana são para colocar a leitura em dia e, quando há tempo, ir ao cinema. Reunir os amigos em volta de uma mesa para "jogar conversa fora" é uma atividade que mais aprecia nos momentos de folga. Em casa ou em um barzinho, "se pudesse, faria isso toda a semana", garante.
Filhos, não tem. "Apenas gatos", brinca. São dois felinos, a Preta e a Tuca, pelos quais se diz apaixonada. Aos 36 anos, se mostra realizada na profissão, área que define como a arte de "vender desejos e sonhos". Seu desafio hoje é a busca constante pelo crescimento, conhecimento e criatividade. Para o futuro, além do desejo de ter os sonhos realizados, tem apenas uma ambição: "ser feliz".
Imagem

Comentários