Dado Schneider: Dado à publicidade

Foi durante uma visita a uma agência de publicidade na sétima série do 1º grau, aos 12 anos, que Eduardo de Nonohay Schneider decidiu

Dado Schneider - Reprodução

Foi durante uma visita a uma agência de publicidade na sétima série do 1º grau, aos 12 anos, que Eduardo de Nonohay Schneider decidiu seguir a carreira de publicitário. Antes mesmo de entrar na faculdade de Publicidade e Propaganda, ele já havia formado sua "cultura publicitária". Procurou profissionais da área para saber detalhes da profissão, já determinado que queria começar a atuar assim que fosse aprovado no vestibular. Não deu outra. No primeiro dia de aula na Fabico (UFGRS), aos 17 anos, Dado ligou para o amigo Carlos Schneider, na época, diretor da Standard Propaganda, para pedir uma oportunidade de estágio na agência. Ali iniciou-se a trajetória deste profissional, que hoje é referência em marketing tanto nas salas de aulas como no mercado de trabalho. 

Depois de um ano na Standard em 1980, Dado foi selecionado para trabalhar na extinta MPM Propaganda. Já em 1981, foi convidado por Marcos Paim para atuar na Escala, onde ficou durante três anos na área de atendimento aos clientes. "Imaginem um executivo de atendimento com 18 anos. Tive que deixar crescer a barba para parecer mais velho", relembra Dado. Em 1983, aceitou a proposta de Pedro Sirotsky para trabalhar na Rádio Gaúcha. A atuação durou apenas dois meses, pois Marcos Paim o chamou de volta para atender a conta da Pepsi na Escala.

Logo, em 1984, assumiu o cargo de diretor de criação da agência, o que alega ter sido um grande aprendizado na carreira. "Eu era muito jovem para ser diretor de criação. Percebi que não queria gerir criativos nem tinha a devida paciência para isso", destaca. Por conta disto, no mesmo ano, aceitou novamente o convite para atuar na Rádio Gaúcha, desta vez, como gerente de marketing. No final de 1985, Dado retornou à Escala, para assumir a direção de Planejamento da agência, cargo no qual atuou por mais dois anos. "Em 1987, Marcos Paim me mandou ir embora da Escala para crescer. Sou grato a ele até hoje por essa demissão, que foi extremamente positiva", ressalta Dado.

Com "muita pretensão", aos 26 anos Dado montou um escritório de consultoria de marketing e se candidatou à presidência da Associação Riograndense de Propaganda (ARP). Eleito em 1988, logo organizou um ciclo de palestras, ao qual foram convidados palestrantes de todo o Brasil. Foi para um desses eventos que convidou o publicitário Nizan Guanaes, que na época ainda era desconhecido por Dado, porém sua ousadia em estruturar uma grande agência na Bahia chamou sua atenção. Foi aí que surgiu a amizade entre os dois profissionais, o que logo se transformou em uma ótima oportunidade na vida de Dado. Nizan o convidou para ser diretor de atendimento da agência DM9. "No início, eu falei "bem capaz". Uma semana depois, ele mandou uma passagem para eu conhecer a Bahia e a agência. Quando desci lá, aí não teve mais jeito, me apaixonei perdidamente por Salvador. Fechei o escritório de consultoria, me mudei em oito dias para a Bahia e deixei uma vida gaúcha pra trás", conta.

Além do Nizan, durante o período na DM9 Dado também atuou com outro "fera da publicidade", Duda Mendonça. "Eles têm estilos bem diferentes, mas eu tenho a influência dos dois em minha experiência profissional. Nizan tem um senso de negócio e de oportunidade que jamais vi igual em outro profissional. Já o Duda tem o toque da alma humana", revela. Em 1990, os dois decidiram desfazer a sociedade e Dado optou por continuar na DM9, ao lado de Nizan. Após dois anos de atuação, aceitou o convite para trabalhar na filial da agência de São Paulo. "Foi uma experiência maravilhosa, pois, nesta época, trabalhava lá a seleção brasileira da propaganda. Eram só craques como Tomás Lorente, Luís Toledo, Marcelo Serpa, Alexandre Gama, Roberto Cipolla, Zé Luis Madeira", conta, orgulhoso de ter convivido com este "grande time de publicitários".

Papagaiadas a granel

Devido a um desentendimento com um dos sócios da agência, em 1994, Dado foi demitido e resolveu voltar para a terrinha natal. Logo ao chegar em Porto Alegre, foi acolhido por João Satt, diretor da Competence, onde atuou por seis meses. Já 1995 foi o marco do início de sua carreira como professor universitário, quando aceitou o convite para dar aulas na Universidade Fernando Pessoa, em Portugal. "Passei o ano inteiro só dando aulas e projetando a minha vida profissional. Eu precisava me reinventar, já que tinha alcançado o auge da minha carreira", relata. Em meio a muitas reflexões e projeções de vida, vislumbrou o negócio da telefonia celular e decidiu se especializar no assunto.

Retornou ao Brasil, reabriu sua consultoria de marketing, cujo primeiro cliente foi a empresa de telecomunicações T&T. "Como eu me interessava pelo assunto, eu aprendi muito com eles sobre o mercado de telefonia celular", diz. Em 1997, aceitou a proposta de trabalhar na DCS, para atender à conta do Governo, já decidido que venderia a idéia da especialização em telefonia celular. "Foi uma grande tacada. Fizemos uma apresentação excelente para a Telet e ganhamos a concorrência", avalia.

Depois disso, Dado vestiu a camiseta e se dedicou intensivamente a consolidar a empresa de telefonia celular no mercado gaúcho. Foi durante um dos seus insights, em 1999, que Dado criou a marca Claro e o famoso símbolo do papagaio. "A gerente de comunicação da Telet me ligou e perguntou como se dizia "clear" em português. Naquele momento, tínhamos acabado de criar a marca. Foi uma experiência inesquecível", conta Dado, que para convencer a empresa canadense de que a marca precisaria de um gimick (símbolo) levou um papagaio dentro de uma gaiola na apresentação de lançamento.

Saiu da DCS, decidido que se especializaria na área de marketing. Mas, um convite para atuar na Paim, no atendimento as Lojas Renner, em 2000, falou mais alto e o sonho foi deixado de lado, pelo menos, durante o ano em que atuou na agência.
Após o término do mestrado de comunicação na PUCRS, Dado deixou a Paim e foi contratado para atuar, desta vez do outro lado do balcão, no comando da marca Claro, em 2001. Desde então, estava à frente da comunicação da Claro, tendo acompanhado todas as mudanças da marca, inclusive, da unificação pela Telecom Américas (2003), quando atuou como consultor no Rio de Janeiro. "O papagaio da Claro sintetiza tudo que eu aprendi na minha carreira. O frenesi que este símbolo provocou na sociedade gaúcha em termos de comportamento do consumidor é o meu Top de Marketing. Eu nunca imaginei que fosse chegar tão longe", revela Dado. Em 2004, passou a atuar junto à matriz da Claro em São Paulo ainda como consultor de marketing para cuidar da consolidação nacional da marca.

No início deste ano, Dado encerrou o ciclo de quase sete anos na empresa de telefonia celular e reabriu, pela terceira vez, sua consultoria, onde atende hoje Às empresas Terraville, Novoshopping, Sicredi, Koop e Costão do Sauípe. Atualmente, integra somente o corpo docente dos MBA"s em Marketing e Comunicação, da ESPM, mas já teve passagens em diversas faculdades de Publicidade e Propaganda. Até o final deste ano, terminará também na PUCRS o Doutorado em Comunicação, pelo qual apresentará como tese o case da marca Claro.

"Dado pãe"

Dado é casado há cinco anos com a publicitária Márcia Tatsch, com quem tem dois filhos: Eric, de três anos, e Theo, com quatro meses. O publicitário divide o tempo livre entre curtir a família e estudar para o doutorado. " Meus fins de semanas não são aqueles clássicos de fazer programas de lazer. Eu aproveito para ficar o máximo com as crianças em casa. Depois que elas vão dormir, vou fazer minha tese", destaca Dado. Ele não vê problemas em conciliar o trabalho e família, já que considera-se um pai muito participante das rotina de casa. "Eu cuido de filhos, sabe? Na verdade, eu sou 'pãe'. Troco fralda, dou banho, faço tudo", brinca. Em função disto, Dado e Márcia cancelaram as programações de viagens de lazer em família, pelo menos por enquanto, devido à idade dos filhos. "Não tenho como ir pra praia com duas crianças. É praticamente impossível". E se tratando de litoral, Dado é bem exigente: "Depois que peguei o gostinho de mar com água morna, eu só vou para as praias do Nordeste".

Estudar japonês e os significados dos ideogramas é o hobby de Dado. "Tive que congelar por um tempo a atividade, mas com certeza voltarei a estudar. Eu curto muito ficar desenhando as letras", salienta. A leitura também está presente nas horas de folga do publicitário, cujas preferências são ecléticas. Quando não está lendo obras específicas da área de marketing ou do seu doutorado, prefere os clássicos. "È uma coisa até engraçada, aos 43 anos, eu virei para os clássicos. Eu não leio mais livro da moda", diz. Entre os últimos livros lidos, recomenda a obra de Eduardo Giannetti, "Felicidade".

Já nas preferência musicais gosta de discoteca e tudo que é relacionado a black music. "Eu curto tudo que vem dos negros da Motown, como Marvin Gaye, Jackson 5 e The Supremes", diz. No cinema, Dado é bem enfático ao revelar que dispensa filmes tristes, de catástrofes e violência, preferindo somente os "inteligentes e alegres". Viajar também é outro passatempo do publicitário, que já se considera "bem viajado", referindo-se aos diversos lugares que teve oportunidade de conhecer.

Seu grande projeto do momento é concluir o doutorado com uma nota boa. Parece brincadeira, mas não é. Ele explica que tem grande dificuldade de conciliar a agitação da vida profissional e a tranqüilidade mental para escrever a tese. Mas qual será o segredo de sucesso para Dado Schneider? "A felicidade é feita de pequenos momentos. Quanto maior o somatório, mais feliz a vida foi. É assim que pauto a minha vida", confessa. Para o futuro, além de tornar-se um palestrante nacional, pretende se dedicar a escrever livros sobre marketing e comunicação empresarial. "O projeto está no forno", garante Dado, não hesitando em revelar também o seu grande sonho de consumo: curtir a aposentadoria na Bahia.

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