Neusa Galli Fróes: Fôlego de atleta

Frente à assessoria Fróes e Berlatto, ela traz na bagagem uma carreira ousada e diversificada.

À frente da Fróes e Berlatto Associados junto com a amiga Gládis Berlatto, Neusa Galli Fróes construiu uma carreira ousada e diversificada no mercado jornalístico. Após 17 anos na redação de Zero Hora, teve passagens por assessorias de imprensa e optou por construir sua empresa. Hoje com pouco mais de 50 anos, diz estar satisfeita com as conquistas profissionais e empenhada em manter a fidelidade dos clientes que conquistou.


Neusa é uma entusiasta dos exercícios físicos e concilia com harmonia o trabalho, o casamento e os momentos de lazer. Natural de Erechim, na região norte do Estado, ela fala com saudade da infância, destacando a liberdade oferecida pela cidade interiorana e o excelente ensino escolar recebido. Aluna de uma instituição regida por freiras, revela ter integrado a primeira turma mista do antigo colégio, uma ousadia para a ordem religiosa na época. Assim como a escola, a família de Neusa sempre a estimulou a estudar e ler muito, o que, mais tarde, a ajudou no exercício da profissão. Sua lembrança mais forte nesse sentido é a do avô materno, Aldo, já falecido, que possuía assinatura dos jornais Correio do Povo e O Estado de S. Paulo e guardava com orgulho o primeiro exemplar do extinto Diário de Notícias.


Irmã de Tânia, a caçula, e Denise, a primogênita, ela conta que a condição de filha do meio lhe proporcionou maior independência, fator que influenciou na formação de sua personalidade. "A mais velha precisou conquistar o seu espaço e a mais nova era alvo de proteção excessiva. Eu fui criada de forma mais livre", comemora. Dona de seu próprio nariz desde criança, causou espanto quando, aos nove anos de idade, comunicou à família que seria jornalista. O sonho começou a se tornar realidade quando ela se mudou com os pais e as irmãs para Porto Alegre, em 1969, onde concluiu o equivalente ao ensino médio, no Colégio Americano, e, um ano depois, ingressou na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUC.


A adaptação à vida na Capital foi difícil. "Minhas raízes estavam em Erechim: Os parentes, os amigos, o colégio e a rotina do interior", conta. Contudo, superou as barreiras e acabou adotando Porto Alegre como sua casa. Sua primeira providência na nova cidade, antes mesmo de entrar na faculdade, foi arranjar um emprego, pois sempre prezou por ter seu próprio dinheiro. Assim, aos 17 anos, passou a vender passagens em uma companhia aérea. Lá, conheceu o marido, o baiano Fernando Marcos Freire de Carvalho Fróes. "Ele veio a Porto Alegre fazer uma auditoria na empresa. Nos conhecemos e logo começamos a namorar", relata.


A passagem pela Famecos marcou os últimos anos de ensino polivalente na universidade, que emitia diplomas de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas simultaneamente. O diferencial fez com que Neusa experimentasse estágios nas três áreas, a partir do terceiro ano de faculdade. Passou pela Brigada Militar e pela CRT assumindo tarefas de RRPP e pela antiga agência Estúdio de Propaganda, na condição de estagiária de publicidade. O jornalismo entrou em sua vida apenas em 1975, quando ela já havia concluído a graduação, com sua entrada na redação de Zero Hora.


Dezessete anos de redação


Foram três meses de estágio até sua efetivação, no mês de março do mesmo ano. Sua atuação ficou concentrada na editoria de Geral, onde conviveu com João Baptista Aveline, falecido em 2005, seu primeiro editor-chefe. "Ele foi o meu mestre na profissão", ressalta. Alguns anos mais tarde, transferiu-se para o Segundo Caderno e somou sete anos de reportagem entre as duas editorias. Entretanto, foi após esse período que ela descobriu sua área de maior interesse no jornalismo: a Economia. Daí seguiram-se mais 10 anos de trabalho, que se desenrolaram acompanhados de muita satisfação pessoal.


Eunice Jacques, falecida em 1997, marcou significativamente a trajetória de Neusa no jornal, sendo a responsável pelas suas transferências entre as seções e pela renovação constante de seus desafios no veículo. Gládis Berlatto, companheira de redação de quem se tornou amiga e, anos depois, sócia, também merece destaque. "A Zero Hora foi minha grande escola. No total, foram 17 anos de aprendizado e convívio com grandes colegas", explica. Contudo, a longa experiência em Zero Hora fez com que ela alimentasse outros planos profissionais. A oportunidade de alçar novos vôos surgiu em 1992, através de um convite para tornar-se assessora de imprensa do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).


"Foi uma atitude corajosa", avalia com a certeza de que cometeu menos erros e mais acertos ao longo da empreitada que durou três anos e assinalou sua entrada no mundo da assessoria. "Fui para o outro lado do balcão e gostei muito do trabalho", comenta. O conhecimento adquirido em sua passagem no periódico foi fundamental para compreender suas novas atribuições, agora não mais relacionadas à cobertura dos fatos e, sim, a sua geração. Saindo do BRDE, passou para a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações durante a gestão do ex-governador Antônio Britto. Sua responsabilidade era divulgar o programa de reformas do Estado, incluindo a venda de estatais. "Foi uma ótima experiência", garante.


A empresária


Ao final do governo Britto, em 1998, Neusa mudou-se para Brasília, onde permaneceu um ano como assessora da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. O convite partiu da deputada Yeda Crusius, que presidia a Comissão. "Nunca fiquei desempregada, não posso me queixar", observa. De volta ao solo gaúcho, realizou um sonho que cultivava desde os tempos de Zero Hora junto com a amiga Gládis: abrir uma empresa. Em função da agitada vida profissional de ambas, o projeto havia ficado em segundo plano e a volta de Neusa a Porto Alegre demarcou o momento certo de colocá-lo em prática. Assim, em 2000, nasceu a Fróes e Berlatto Associados, unindo os sobrenomes de suas criadoras - já bastante conhecidas no mercado.


Atualmente, figuram entre os principais clientes da assessoria a Federasul, o Grupo Randon, a DCS e a Plugin, entre outros. A estratégia de trabalho adotada pelas jornalistas traz um diferencial: "Temos profissionais da Fróes e Berlatto atuando sob nossa coordenação dentro das empresas que atendemos", explica. Para Neusa, o maior desafio profissional que enfrenta hoje, após ter conquistado uma diversificada carteira de clientes, é manter a fidelidade das instituições que assessora. Para tanto, firmou um pacto com a sócia: "Não atendemos políticos, priorizamos a economia". Contente com sua situação no mercado, ela garante não sentir falta dos tempos de redação. "Principalmente dos plantões aos finais de semana e feriados", diverte-se.


Saúde física e mental


Neusa concilia de forma equilibrada a vida profissional e a pessoal, contudo, a condição de autônoma não lhe garantiu um ritmo de trabalho menos acelerado. "Eu imaginava que quando tivesse a minha própria empresa poderia ir ao cinema à tarde, em um dia de semana. Nunca consegui", ironiza. Ainda assim, faz questão de assumir as atividades domésticas de sua casa, à exceção da cozinha, comandada pelo marido Fernando, 56 anos, gerente institucional da Univias. Parceiros em muitas atividades, eles têm um hobby em comum: a prática da ginástica, levada a sério pelo casal. Diariamente, eles freqüentam a academia - ele na primeira hora da manhã e ela à noite - acompanhados de um personal trainer.  


"Sou uma entusiasta da prática de exercícios", revela, contando que iniciou a atividade em 1980, quando descobriu ter uma hérnia de disco. Hoje, a ginástica lhe garante os cuidados com a saúde e a estética, além de momentos de relaxamento. São seis quilômetros percorridos por dia, além de musculação e alongamento. Fernando vai ainda mais longe, participando de maratonas como a São Silvestre, na qual atingiu a 339ª colocação em sua última edição, que contou com 15 mil corredores. "Estou encantada com o mundo das corridas e, já que não posso competir devido a hérnia, vou me tornar empresária dele", brinca.


Além dos exercícios físicos, Neusa faz terapia três vezes por semana. "Assim mantenho a saúde física e mental", justifica. No tempo livre, o casal aproveita para ficar junto, já que optou por não ter filhos. Um de seus programas prediletos é assistir a filmes em casa. "Gosto de rever os filmes, então costumo comprar DVDs e assistir à TV a cabo", conta. Ela também lê muito e confessa que, de vez quando, adora fazer ponto cruz. Para a velhice, planeja uma vida tranqüila e vai se acostumando com a idéia de, um dia, ter que deixar o mercado de trabalho e a rotina agitada. "O segredo é viver cada coisa a seu tempo", opina. Todavia, torce para que esta fase ainda demore a chegar.

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