Francisco Brust: Aprendiz do tempo

Jornalista, que sonhava em ser jogador de futebol, tem amor pelo filho, varejo, samba e artes marciais

Francisco Brust - Divulgação

Foi como estagiário de Jornalismo que o filho caçula do empresário do ramo imobiliário Wilson Brust começou a carreira na Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Na época, em 2006, o hoje coordenador de Imprensa e Capacitação, Francisco Bettio Brust, conhecido como Chicco, era o responsável pela produção de conteúdo da entidade. Entrevistava os donos de supermercados e escrevia matérias para as newsletters e revistas da organização.

Com o tempo, começou a migrar mais para um papel de assessor do presidente, Antônio Cesa Longo, que está desde 2003 à frente da associação, com quem criou uma relação muito próxima. "Ele me ligava algumas vezes antes de tomar decisões", conta. Mas a oportunidade mesmo só aconteceu quando uma antiga colega, que era a coordenadora da área de Cursos, saiu e, então, acabou incorporando esse desafio. Por conta da nova atividade, passou a estudar bastante sobre o varejo e aprendeu como ser empacotador, açougueiro, caixa e as outras diversas habilidades requeridas em um supermercado. Foi motivado pela nova função que, em 2017, formou-se no MBA em Gestão da Capacitação Corporativa, pela Unisinos. 

Antes, contudo, escolheu o Jornalismo, pois sempre gostou muito de ler e escrever. Foi da mãe, a professora de português Jussara Brust, que herdou o hábito pela leitura, uma vez que a mesma assinava jornais e o incentivava a aperfeiçoar a escrita. Por muitas vezes, Chicco também a ajudava nas tarefas de correção de provas, tanto é que pensou até em cursar Letras, assim como em ser jogador de futebol, mas o amor pela Comunicação falou mais alto e, por isso, cursou e se formou nesta área pela Famecos, faculdade da PUC, em 2007.

De camelô a coordenador

Aos 15 anos, fez amizade com alguns camelôs para comprar jogos de videogame e acabou trabalhando com alguns deles por um mês, antes do Natal, no Camelódromo de Porto Alegre. Até entrar na faculdade, esta havia sido a sua segunda experiência profissional. A primeira, foi colocar som nas festas do clube em que o avô trabalhava e nas cerimônias de funeral israelita. 

Muito introvertido e tímido, na graduação foi se soltando e fazendo novas amizades, até conseguir seu primeiro estágio, em 2005, com o jornalista e professor Almir Freitas, fundador da Uffizzi. Foi lá que criou senso de responsabilidade, ganhou mais autoconfiança e começou a se destacar por seu comprometimento, profissionalismo e pontualidade. Como a agência atendia à Assessoria de Imprensa da Agas, enquanto o colega que atuava dentro da associação acabou saindo, surgiu a oportunidade de trabalhar na entidade.

No início, era estagiário de Jornalismo pela manhã, enquanto pela tarde trabalhava na Agência de Notícias da Uffizzi. Até que a perspectiva de fazer carreira na entidade o impulsionou a optar em ficar apenas nela, sendo efetivado como jornalista em 2007, e assumindo como assessor de imprensa dois anos depois.

De lá para cá, já são 15 anos atuando na entidade. "Sou muito grato ao presidente da Agas até hoje, pois, além de toda trajetória profissional que construí até aqui, a entidade me colocou na vitrine e passei de um profissional de Jornalismo a um de mercado, um executivo de relacionamento, com uma grande virada de chave em 2010", orgulha-se.

São muitos os feitos deste tempo todo de profissão, mas comemora ter desenvolvido o projeto chamado 'Agas Jovem'. Esta iniciativa forma sucessores de supermercadistas e fornecedores, com idade entre 16 e 38 anos, e tem por objetivo estreitar ainda mais os vínculos entre empresas e entidade, por intermédio de jovens talentos. Além do cargo executivo na Agas, atualmente, Chicco também tem uma pequena participação societária na empresa Ecco Clima Engenharia.

Em família 

Caçula, Chicco nasceu em 13 de fevereiro de 1985, em Porto Alegre, e tem como melhor amigo o único irmão, o engenheiro civil Mateus Brust. Depois de duas décadas, a diferença de sete anos entre os dois começou a se estreitar e Mateus, que já era um pai para ele, pois o pai biológico mora em Florianópolis desde a separação, tornou-se também seu um grande companheiro e conselheiro. "Ele é muito diferente de mim, mais frio, das exatas, mas em quem eu sempre procurei me espelhar para ser igual", confidencia. 

Com a separação dos pais, quando tinha apenas três anos, ele, a mãe e o irmão foram morar com os avós maternos. O local da residência era diferente do convencional, uma casa enorme, com muitos quartos e dentro da Associação Israelita, onde o avô, Francisco Bettio, era zelador, no coração do bairro Bom Fim. Uma infância muito boa, quando tinha acesso a toda estrutura do Clube Hebraica, com playground, piscinas e salões de festas. Morou lá até os 13 anos e, por muitas vezes, levava os amigos, escondido do avô, para aproveitar o ambiente e jogar futebol nas quadras esportivas. "Foi um tempo muito feliz, quando podia aproveitar muito a rua, jogar muito futebol, pelo qual sempre fui fanático", recorda.

Cheio de amigos, muitos deles são de longa data, desde quando tinha uns quatro anos e ia na feira com a avó Inês e eles estavam no colo das suas mães. Também é cheio de amor pela matriarca, que hoje está com 94 anos, e com quem Francisco almoçava semanalmente antes da pandemia. Agora, só pode abanar pela janela.

Bossa Nova, samba e futebol

Divorciado, é pai do pequeno José Pedro, de três anos, por quem se derrete de amor e explica que é tudo por ele e para ele. Quando está com o filho, todas as quartas-feiras e dois fins de semana por mês, o tempo é voltado a brincadeiras de criança, como bonequinhos, videogame, pracinha, jogos de futebol e exclusividade da atenção do pai-coruja. "Minha vida gira em torno dele", afirma.

Nos demais dias de folga, gosta de ficar com a namorada, a administradora Jade Aita, praticar artes marciais, como Muay Thai e MMA. Além desses esportes, sempre jogou muito futebol, seja nas categorias de base do time do coração, o Grêmio, nas peladas com os amigos ou, ainda, no futebol de várzea, com o irmão. Segundo o jornalista, a prática destas atividades o ajudou sempre a desestressar. 

Além disso, um dos hobbies favoritos é tocar violão e cavaquinho - principalmente samba de raiz, que é a preferência musical, junto com a Bossa Nova, especialmente o que vem de Chico Buarque e Toquinho. Das leituras, as mais técnicas e voltadas para o varejo são as que ganham sua atenção atualmente. Quando criança, tinha toda série Vagalume e adorava obras de ficção e biografias. Para relaxar nesta quarentena, está maratonando diversas séries da Netflix. Já da sétima arte, não gosta de comédia, prefere suspense ou filme policial e confessa que gosta de títulos populares, nada requintado.

Assessor voluntário

Dos feitos que o Jornalismo lhe trouxe, declara o fato de ter sido, por 13 anos, assessor de imprensa voluntário de seu maior ídolo da música, o sambista Almir Guineto. "Foi uma honra e muito marcante", alegra-se. Já da vida pessoal, não esquece do acidente de carro que teve em 2010. Quando saía de um jogo do Grêmio com o pai, outro veículo bateu no carro em que eles estavam e, com isso, colidiram em um poste.

No sinistro, Chicco perdeu o olfato, perfurou os dois pulmões, teve traumatismo craniano, ficou quatro dias em coma e um mês no hospital. "Foram os dias de maior aprendizado da minha vida. De valorização dela, dos amigos, família e de repensar o todo. Acho que amadureci uns 10 anos em 30 dias. Se fosse o dono da caneta e já soubesse do desfecho desse acidente, com certeza o colocaria na minha vida", diz, emocionado.  

Um projeto de vida que tem é ainda ser dono de supermercado para colocar em prática tudo o que já aprendeu. Entre suas referências profissionais estão o ex-chefe Almir Freitas, que lhe abriu as portas na trajetória; o gerente-executivo da Agas, Francisco Miguel Schmidt; e o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, pela sua longa experiência no varejo e grande oportunidade que lhe deu, além da dedicação full time ao trabalho. Já na vida pessoal, destaca aqueles nos quais se espelha: o pai, o irmão, a mãe e os avós. "Sem nenhuma demagogia, cada um deles ajudou a compor, com seus defeitos e qualidades, a minha personalidade."

Entre suas características, enfatiza que é muito amigo e que preza muito por tratar as pessoas de forma igual, sem diferença, pois acredita que ninguém é melhor que ninguém. Além disso, explica que está trabalhando muito para poder ser reconhecido como alguém humilde. Já sobre defeitos, confessa que é desorganizado e que queria ser mais gestor de seu tempo.

Definindo-se como um profissional do varejo e do mercado, diz que é um cara simples, que gosta de estar com os amigos e que valoriza a família. Católico não praticante, acredita muito em Deus e não tem preconceito com nenhuma religião. Embora não seja um cristão ortodoxo, a frase que move sua vida  é: "A família é o plano central de Deus para o Homem", compartilha. 

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