Geison Lisboa: Tratar bem sem olhar a quem

Dono de um excelente senso de humor, repórter e apresentador da Rádio Guaíba compartilha momentos marcantes

Geison Lisboa, repórter e apresentador da Rádio Guaíba - Arquivo Pessoal

Foi ainda na infância que o repórter e apresentador da Rádio Guaíba Geison Lisboa foi conduzido por uma paixão pelo rádio. Sabe aquelas crianças que se espelham nos pais? Geison foi assim com o comerciante Gelson da Silva, que estava sempre com aquele radinho ligado, ouvindo as transmissões de jogos ou notícias em emissoras AM. "Até hoje ele escuta de tudo, e eu peguei este gosto dele", orgulha-se.

Entre tantas lembranças boas, o filho mais velho da dona de casa Elvira Consuelo, já falecida, e irmão da administradora de empresas Caroline recorda do pai contando histórias do rádio, inclusive, de pessoas com quem, posteriormente, o repórter viria a trabalhar. "Ele narrava gols e falava de como eram feitas as transmissões. Eu ouvia aquilo e ficava pensando que um dia trabalharia com isso", confessa.

Mal sabia que este desejo se tornaria realidade alguns anos depois. E mais: que, em 2014, seria um dos repórteres esportivos da rádio Band RS a cobrir a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, em Porto Alegre. E muito menos que guardaria para o resto da vida a lembrança de ter sido o único repórter brasileiro a fazer uma pergunta ao jogador Messi, na coletiva de imprensa após a vitória da Argentina sobre a Nigéria no Estádio Beira-Rio. "Levantei o braço e o profissional da FIFA, que cuidava da coletiva, apontou para mim na última pergunta e, então, eu fechei a coletiva. Aquilo foi um momento muito especial e marcante", conta.

Destacando a competição como o maior evento esportivo do planeta e maior cobertura da vida, explica que foi emocionante estar junto de vários repórteres e jornalistas do mundo trocando experiências. Algo que já almejava desde 1994, quando, num dia lindo de sol, pisou, aos nove anos, pela primeira vez em um estádio de futebol.

O jogo era o amistoso entre Brasil e Iugoslávia, no já extinto Olímpico. "Lembro como se fosse hoje quando o pai chegou com dois ingressos para irmos. Eu já comecei com o Brasil vencendo com gols, do Branco e do Viola. Mas também ficava observando a movimentação dos repórteres em campo, foi maravilhoso", revive. Naquele ano, o Brasil foi campeão da Copa do Mundo de Futebol da FIFA e, para Geison, aquela foi a maior seleção brasileira que já existiu até hoje.

Quando criança, o futebol era uma brincadeira. Como era muito pesado, acabava sendo o goleiro do time. No esporte, nunca foi muito competitivo, sempre levou mais para a diversão e tampouco era um bom jogador, diferentemente dos jogos de videogame, nos quais era o craque da bola. Além disso, na infância, costumava passar quase três meses no litoral gaúcho, em Quintão. Lá, as brincadeiras eram na beira da praia, jogando vôlei, futebol e taco. 

Radiojornalismo esportivo na veia

A admiração e o amor pelo pai são transmitidos em cada palavra, tanto é que se tivesse que escolher outra profissão, seria comerciante. O negócio, que passou do avô para o pai, trouxe o sustento para a família e o permitiu chegar aonde está hoje. "Quem sabe no futuro, meu pai se aposente e eu assuma o mercado? Mas, por enquanto, vamos queimar esta lenha no Jornalismo, que tem vida longa por aqui ainda", afirma, explicando, em seguida, que assim que terminou o colégio, em 2002, fez o curso de radialista da antiga Feplam (atual Oscip), pois já sabia o que queria fazer na vida.

Formou-se em Jornalismo pela Ulbra em 2013, porém, antes mesmo de concluir a faculdade, teve a oportunidade de cursar um tecnólogo de Rádio pela mesma universidade, podendo vivenciar a profissão na prática. Em 2005, o esporte da Ulbra era exemplo para o Brasil, com campeões no futsal, vôlei e basquete. Nesta época, atuou junto ao canal web da universidade, onde teve seus primeiros contatos com a editoria, uma vez que ia para o complexo esportivo e entrevistava treinador e jogador, voltava para redação, decupava, editava e colocava as matérias no ar.

Na PUCRS, fez um curso de Jornalismo Esportivo, que abriu as portas para que entrasse neste meio. Na oportunidade, conheceu o jornalista Alexandre Pretzel, o Xandão, que o levou para a rádio Band, em 2007. Começou como estagiário, passando por produtor de esportes, setorista de adversários da dupla GreNal, repórter de torcida, repórter esportivo e apresentador. "Fiz uma escola maravilhosa na Bandeirantes", declara.

Após a Copa do Mundo de 2014, foi convidado para atuar na Rádio Guaíba, onde apresenta o programa Repórter Esportivo, entre outras atrações da grade, produção e cobrindo os jogos de Grêmio e Inter. Na emissora, trabalha com o coordenador de Jornalismo Esportivo, Carlos Guimarães, e o jornalista, repórter e apresentador Cristiano Silva, dois nomes que admira e agradece todas as trocas e oportunidades que recebe.

Gremista ou colorado?

Declarando que conhece vários jornalistas esportivos que se identificaram com os seus times, confessa que não vê necessidade disso, já que lida muito com paixão, amor e ódio, e as pessoas misturam as coisas. "Como jornalistas, estamos sempre tendo que colocar à prova o nosso profissionalismo, quando, na verdade, somos profissionais. Eu quero o bem da dupla GreNal, porque são eles que me carregam e que me dão a oportunidade de conhecer vários lugares para acompanhá-los. Então, por que vou querer ver algum deles mal?", justifica.

Aponta também que, a partir do momento em que lida com pessoas, vai colocando o torcedor de lado, pois cria vínculos e relação com quem convive no dia a dia e que quer o bem.  "Não teria sentido eu fazer o que faço hoje torcendo contra algum dos dois times, pois eu perco junto."

 

De pai para filho

É com brilho nos olhos e carinho nas palavras que conta sobre o amor que sente pelo filho Diogo, de apenas dois anos, fruto da relação de cinco anos com a também jornalista Greici Freitas. O bebê parece também já querer seguir os caminhos do pai, uma vez que pega o radinho de pilhas e anda pela casa, segurando o equipamento no ouvido. "Mas jornalista eu não vou deixá-lo ser, isso não!", brinca.

Em dias normais, a diversão da família é ir visitar os parentes, fazer passeios até Nova Santa Rita, para que o Diogo possa estar com o avô, além de gostarem da Serra gaúcha e cidades próximas. Cinema, shoppings e restaurantes também estão no roteiro.

Já em casa, a atenção do casal é quase que exclusiva da criança, com brincadeiras e vídeos infantis, e na pracinha do condomínio onde moram. Na hora do soninho é que é possível assumir o controle da televisão para assistir a algum filme ou seriado na Netflix. "Quando ele acorda, é um furacão. Mas o divertimento dele é o nosso", derrete-se.

Entre o lúdico e os zumbis

Quando sobra um tempo para ler, a preferência é por biografias e sobre a temática do esporte. O último livro foi o do amigo e ex-colega na Band, o radialista esportivo João Carlos Belmonte, intitulado 'Fala, Belmonte! Memórias do Cronista Esportivo'. Além das coleções de Sherlock Holmes, Harry Potter e The Walking Dead, que também completam suas leituras. Os dois últimos fazem parte das preferências televisivas, tanto é que acompanha esta última série desde 2017. Da sétima arte, confessa que é eclético e que, hoje em dia, são muitas as opções para escolher, então, acaba gostando de tudo um pouco.

Nunca foi muito ligado à música, mas despertou o interesse e a curiosidade pelos sambas-enredos de Carnaval após assistir a um documentário sobre o assunto. Torcedor da carioca Viradouro, seu gosto musical é voltado para samba e pagode, com nomes como Zeca Pagodinho, Thiaguinho, Péricles, Molejo, Negritude Júnior e outros.

Qualidade e defeito

Extrovertido, dono de um excelente senso de humor e de bem com a vida, compartilha que tudo o que faz procura fazer com amor, tesão e dedicação. Não importa quantos turnos tenha que trabalhar, vai sempre entregar o máximo que pode e fazer aquilo com vontade. É isso que o move todos os dias. Esta vontade de fazer o que gosta.

Definindo-se como uma pessoa que batalhou para chegar aonde está, diz que tem consciência que precisa continuar indo em busca do que almeja para conquistar os próximos passos. Para isso, uma dose de fé pode ajudar. Católico, entende que todos devem ter uma religião e que já foi bastante praticante. Durante a pandemia, distanciou-se dos templos, porém está sempre rezando, mesmo que, por vezes, esteja mais pedindo do que agradecendo, nunca deixa de fazer suas orações.

Como lema de vida, destaca que se faça as coisas com vontade, carinho e determinação, respeitando o local onde se está. São lemas que carrega para vida e ordens que tem para si próprio. Assim como procurar ser sempre a melhor pessoa possível, respeitando o próximo. Essas são premissas das quais não abre mão. "Não trato ninguém diferente. Somos todos seres humanos e devemos respeitar cada um. Hoje, vemos um mundo cheio de desrespeito e desigualdade, e isso só nos traz prejuízo. Ter caráter e tratar bem sem olhar a quem é primordial para os dias atuais", defende.

 

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