Jairo Kuba: Gigante da Galera

Repórter esportivo tem como lemas a humildade e a verdade

Jairo Kuba - Divulgação

Foi ainda na infância que o repórter esportivo da Rádio Galera Jairo Lopes Kuba descobriu o amor pelo radiojornalismo esportivo. Natural de São Leopoldo, o filho mais velho da dona de casa Tereza Lopes Kuba e do supervisor de manutenção industrial Miroslav Kuba traz ainda viva na memória a lembrança do aniversário de quatro anos, em 28 de outubro de 1981, quando o pai desceu a rua em que moravam, no bairro Sharlau, pilotando uma 'motoquinha' para lhe dar de presente. "Foi aquela folia", alegra-se.

Deste tempo, também lembra que adorava brincar em casa, jogar futebol e montar os times dos clubes do coração, Aimoré e Grêmio. Não podia ver folhas de caderno em branco que já fazia suas escalações e inventava seus campeonatos. Na escola, na hora do recreio e no intervalo de aulas, também era comum vê-lo ouvindo seu radinho de pilhas. "Meu grande sonho de criança sempre foi ser jornalista e, nesta época, eu já imaginava ter a minha voz naquele aparelhinho", confidencia.

O amor pelo rádio e pelo futebol fez com que colecionasse álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro e fitas-cassetes, que estão guardadas até hoje. Aficionado pelas corridas de Fórmula 1, gosta também de assistir aos jogos de vôlei, basquete, atletismo e natação. E, por falar em esporte, o que ele pratica atualmente é a caminhada, que deveria ser diária, mas é realizada quando sobra tempo.

Apreciador de um bom churrasco, arroz, pizza e lasanha, confessa que é um 'terneiro', uma vez que bebe bastante leite. Porém, é desnatado, visto que hoje está controlando mais a alimentação, que chegou a pesar 270 kg, distribuídos em 2,02m. Atualmente, está pesando 120 kg.

Cirurgia bariátrica

Jairão, como é conhecido pelos colegas da imprensa, viu sua imagem viralizar nas redes sociais durante uma partida da Copa do Brasil, em 2016. Na oportunidade, ele usava um colete obrigatório para os repórteres de campo, com um tamanho muito menor que o seu e que acabou sendo comparado a um babador.

O que as pessoas não sabem é que um tempo antes deste episódio ele foi procurado pelo narrador da Rádio Gaúcha Pedro Ernesto Denardin, que lhe disse que estava preocupado com sua saúde e lhe perguntou se ele não pensava em fazer uma cirurgia bariátrica. "Fui honesto para o Pedro. Disse que eu não tinha condições financeiras de arcar com a cirurgia. Aí ele se propôs a ajudar e, a partir desse momento, foi incansável na busca por parcerias para viabilizar essa situação", conta.

Pedro entrou em contato com o médico Fernando Lucchese, do Hospital Santa Casa, que, internamente, conseguiu reduzir o valor orçado, que era de R$ 50 mil para R$ 22 mil. Também conversou com Francisco Novelletto, então presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), que se dispôs a ajudar, adiantando o valor da cirurgia. Só que este dinheiro deveria ser devolvido para a Federação novamente e, por isso, foi realizado um evento-show solidário na Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg), o qual conseguiu arrecadar R$ 12 mil.

O restante que faltava veio, justamente, do ídolo tricolor, o técnico Renato Gaúcho. Ao saber da situação, sensibilizou-se e contribuiu com R$ 10 mil. "Ele não queria que divulgasse esta informação, mas eu consegui uma entrevista exclusiva com ele antes da viagem para o jogo Grêmio e Lanús, da Libertadores da América, e fiz questão de agradecer pessoalmente", recorda, alegre.

A partir disso, a história teve uma repercussão imensa pela saúde de Jairo. O jornalista virou fonte, ao conceder entrevistas para diversos programas, o que o deixou muito grato. A cirurgia foi realizada em 18 de março de 2018 e, antes da partida entre Grêmio e Ipiranga, que aconteceu naquele dia, Renato mandou uma mensagem ao repórter durante coletiva de imprensa.

Preferências

Com a agenda profissional muito intensa, sobram pouquíssimos dias de folga. Porém, sempre que pode, gosta de viajar, ir para Serra Gaúcha, ficar em casa e assistir televisão. Adora tanto visitar outros destinos que já foi e voltou de um dia para o outro até o Rio de Janeiro, só para passear.

Das leituras, confessa que deveria ler mais livros, pois, atualmente, tem acompanhado muito jornais e revistas. Entretanto, sem dúvidas, o que mais leu até hoje e que é a sua obra referência, é a Bíblia. Evangélico, diz que está um pouco afastado da religião.

Músicas românticas e sertanejas estão entre as preferências, enquanto a banda Roxette é a favorita. Já da Sétima Arte, prefere os filmes épicos, como 'Tróia' e 'Gladiador', além das comédias românticas. Porém, o que não gosta mesmo é de filmes de terror e séries estilo 'The Walking Dead'.

Ao explicar que fazer uma autoavaliação não é muito fácil, o jornalista revela que como qualidade está o fato de ser muito amigo, já o defeito é ciumento e possessivo demais. Definindo-se como um cara tranquilo, afirma que não aceita injustiças. Seu lema é humildade e verdade.

Sempre em busca de novos objetivos, almeja para os próximos 10 anos estar com a carreira no jornalismo esportivo bem consolidada, assim como dentro do Grêmio. "Meu objetivo de vida é fazer parte do clube, quem sabe, na assessoria de imprensa", confessa. Na parte pessoal, deseja ter a saúde em dia para poder viajar bastante e aproveitar a vida ao lado das pessoas que ama. "Sou um privilegiado, pois trabalho com o que sempre sonhei, o que eu sempre gostei."

Eletromecânica e Jornalismo

Influenciado pelo pai, que foi uma referência de vida, Jairo tem formação em Eletromecânica pela Escola Técnica Estadual Frederico Guilherme Schmidt, de São Leopoldo, e é graduado em Jornalismo pela Unisinos, em 2010. Logo que terminou o Ensino Médio, estagiou na antiga fábrica da Cervejaria Brahma, onde hoje é o Shopping Total. Após, trabalhou por sete anos no Polo Petroquímico. Atuou também com consultoria técnica na Sud Automação, de Novo Hamburgo, até montar a Agapesul Automação, com mais dois sócios.

Foi em uma visita de trabalho que surgiu a primeira oportunidade no jornalismo esportivo. Por intermédio do amigo Tita, que ficou sabendo do seu interesse pela área, o indicou para o então presidente do Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo, Márcio Piccoli, e para o gerente de futebol, Renan Mobarack, que o contrataram para assessoria de imprensa do clube. "Vou agradecer estes dois pelo resto da vida, pois foi graças a eles que eu entrei para este caminho. Hoje trabalho com isso e realizei meu sonho", rememora.

Por um tempo, Jairo ainda esteve à frente da Agapesul, em paralelo com as atividades da assessoria, até que não conseguiu mais e optou apenas pelo jornalismo. Entrou para o Aimoré em 2010, quando o clube estava na terceira divisão do Campeonato Gaúcho, saindo de lá três anos depois, com o time já na Série A do Gauchão. Após participar de um programa na Rádio Progresso de São Leopoldo, em 2011, foi convidado para integrar a equipe de repórteres, onde cobriu, além de partidas de futebol, trânsito e eleições, até surgir a oportunidade no projeto da Rádio Galera, que, naquele momento, ainda se chamava Rádio Web RS.

Foi convidado pelos então idealizadores da rádio, Rodrigo Aliardi e Eduardo de Souza, para trabalhar como repórter, e assim deslanchou sua carreira no jornalismo esportivo. "Lembro a primeira vez que entrei no Olímpico para cobrir um jogo do Grêmio e foi como uma final da Copa do Mundo para mim, pois, além de ser gremista, ainda estava realizando meu sonho de estar no microfone", emociona-se.

Além da reportagem, também é presidente da Associação Galera da Web, a qual comanda a Rádio Galera de Porto Alegre e, desde março, divide a sua rotina ainda como jornalista do Departamento Consular do Grêmio e apresentador da Vale TV. Desde 2014, é um dos locutores oficiais da Confederação Brasileira de Canoagem.

O momento de maior emoção na carreira foi na final da Copa do Brasil de 2016, na Arena. Jairo estava na zona mista para a cobertura do evento e foi chamado pelo então presidente da Aceg, Edgar Vaz, para representar os jornalistas de rádio no centro do gramado para homenagear a Chapecoense, que sofreu um acidente aéreo, em que 71 vítimas faleceram. "Este dia me marcou bastante, pois, além do reconhecimento por parte dos colegas por terem me escolhido, este foi um dos últimos momentos que meu pai me viu atuando, já que faleceu dois meses depois, além da emoção do primeiro título gremista na Arena. Por todo este contexto, este dia foi demais e está eternizado na minha memória", reconhece.

Das muitas histórias que tem das coberturas jornalísticas, conta, aos risos, o dia em que estava como assessor de imprensa do Aimoré, em Carazinho, e, após uma jogada, acabou acontecendo uma briga. "Tinha uns caras assando carne ali pela arquibancada, enquanto eu estava tentando separar a briga. Eles as retiraram dos espetos e ficaram tentando nos atacar com eles pelas grades. Quase apanhei neste dia", diverte-se.

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