Renato Mesquita: Família em primeiro lugar

Amor aos familiares e metas são pautas importantes da vida do publicitário

Sabe aquelas pessoas que colocam a família em primeiro lugar, que a trata como o bem mais importante? O publicitário porto-alegrense Renato Vargas de Mesquita, com certeza, é uma delas. Pai de dois filhos, o Gabriel, de 26 anos, e o Gustavo, de 19, e esposo da Tatiana há 22 anos, ele sempre sonhou em ter um casamento estruturado. 

Inclusive, foi o amor à Publicidade que o fez encontrar Tatiana, lá nos anos 90. Naquela época, ele ainda estava em um outro relacionamento e o encontro, que aconteceu profissionalmente, foi apenas o primeiro contato entre ele e a atual esposa, mãe do Gustavo. Os dois se viram durante o projeto 'Propaganda S.A', oferecido pela Associação Riograndense de Propaganda (ARP), e visava à qualificação do setor. Depois daquele dia, demorou cerca de cinco anos para se reencontrarem ocasionalmente, quando "tudo rolou".

Outro ponto marcante da personalidade de Renato são as metas, pelas quais pauta a vida e as realizações. Traz isso consigo desde os tempos do colégio, quando decidiu que passaria no vestibular, passando pelo primeiro emprego e olhando para o futuro - motivo que o faz trabalhar para o crescimento de sua empresa. Essa faz parte da sua nova fase de vida. Apesar da rotina de muito trabalho, preza pela organização, para que, assim, não deixe de aproveitar o ambiente familiar.

Ligação com a família

A forte ligação que Renato tem com a família não é de hoje. A principal lembrança que vem à mente quando fala da infância é a de ir ao Beira-Rio com o pai, Wilson, e o irmão dois anos mais velho, Régis, para assistirem ao Internacional ser campeão brasileiro pela primeira vez, em 1975. "São lembranças que eu tenho com eles, com o meu tio, que também era um colorado fervoroso, de estar sempre nos jogos", recorda.

Essa conexão ele leva, também, no dia a dia, já que o home office propicia que possa conviver mais com os familiares, o que foi dificultado durante os mais de 40 anos de trajetória profissional, em decorrência do cotidiano. "Sempre desempenhei atividades onde não almoçava em casa. Às vezes, nem jantava. Saía pela manhã e voltava só meia-noite, e assim foram sucessivas semanas ao longo da minha vida. Então sempre senti muita falta disso", revela. Isso tudo o faz carregar um pouco de culpa consigo, mas, hoje, ele faz todo o possível para compensar as ausências. Renato, inclusive, faz questão de levar e buscar o filho mais novo na faculdade todos os dias. 

Por passar mais tempo em casa, ele, que nunca soube cozinhar, teve de aprender o ofício que, hoje, é um de seus principais passatempos com a família. "Eu comecei a experimentar e acho que me dei bem, porque o pessoal aqui em casa sempre pede para eu cozinhar. Então acabei descobrindo, de uma forma não muito organizada, que eu tenho um certo talento para isso", conta. O aprendizado foi realizado de forma autodidata, na base da experimentação e das lembranças da mãe, Daisy, na preparação do prato preferido: polenta com carne de ovelha assada no forno. Mas a comida favorita, que serviu de cobaia para os primeiros experimentos no fogão, foi o bacalhau, que adora e não perde uma oportunidade de degustar. Na viagem que fez em fevereiro para Portugal, aproveitou para comer o peixe praticamente todos os dias, durante as três semanas de estadia. "Meu filho já não aguentava mais, mas eu não me canso", se diverte ao relatar o episódio.

Homem de metas

A família estruturada e feliz sempre foi um desejo que possuiu, mas não o único, pois Renato é daquele tipo que estipula metas. "Eu sempre fiz isso, o que não foi diferente em cada fase da minha vida", diz. Ainda na adolescência, quando estudava no Rosário, tradicional colégio de Porto Alegre, decidiu que passaria no vestibular e, assim, pautou a vida naquele momento para cumprir o objetivo. E isso o levou a mais um propósito: de realizar o sonho de trabalhar na agência MPM Propaganda, onde passou cinco anos, de 1986 a 1991. 

Chegar até lá, no entanto, não foi fácil e ele abdicou até o salário para isso. "No primeiro semestre do curso, botei na cabeça que eu precisava trabalhar na MPM e eu fui atrás, insisti, até que consegui entrar", lembra. Na época, o escritório havia iniciado um núcleo de Planejamento e essa foi a oportunidade de que Renato precisava. Então, reuniu-se com o diretor da empresa, João Satt, e apresentou um projeto. A ideia, de pronto, foi muito bem recebida, porém a notícia não era boa, uma vez que naquele momento não havia orçamento disponível para contratá-lo. Foi aí que Renato decidiu arriscar para cumprir seu sonho: "Tem uma mesa, uma máquina de escrever e uma cadeira disponível?". Foi assim que o publicitário fez a oferta de trabalhar gratuitamente, em troca da oportunidade de integrar a equipe. A proposta era a de atuar no local durante três meses, sem salário, de outubro a dezembro, e caso o desempenho fosse aprovado, ele poderia ser contratado ao final do ano, o que acabou ocorrendo.

A parceria com João, ainda, rendeu um outro fruto marcante em sua história: ambos foram fundadores da Competence, que hoje leva o nome de G5. Sem dinheiro e ainda sem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), os sócios foram atrás do sonho e hospedaram a sede da empresa em uma sala no antigo Teatro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), que pertencia à família de João. Com três clientes e cinco pessoas trabalhando, foram em busca do equipamento para conseguir iniciar a operação. "Fomos a uma loja e lá começamos a pegar tudo o que precisávamos para trabalhar, um monte de coisa. Compramos várias mesas de desenho e deu uma conta absurda. Tá, e agora?", relembrou. A resposta era aderir ao famoso carnê de crediário, o qual foi completo por prestações a perder de vista. "E fomos felizes dentro do carro, todos comemorando: 'Poxa, vamos poder, agora, fazer as coisas dentro do nosso endereço!'. E eu estava tenso para caramba. O pessoal percebeu e perguntou o que houve", recorda. A preocupação da vez era o medo de ficar com o nome no vermelho se não pagasse as parcelas, caso o negócio desse errado.

Por fim, em 1999, foi hora de ir atrás de mais uma meta, formada ainda no tempo das agências, que era trabalhar no Grupo RBS. Por 20 anos, Renato foi executivo na empresa. "Eu admirava muito e imaginava como seria ter a experiência de ser um diretor e isso acabou acontecendo", comenta. A história na companhia terminou em 2019, quando rumou a um novo desafio.

Nova fase

A meta a ser cumprida, agora, é a de evoluir a NR Lidera, agência especializada em Inteligência de Mercado, que fundou em 2020 com a publicitária Neca Hickmann. O objetivo, também, faz parte de uma nova fase na vida pessoal e profissional de Renato. Contudo, para conseguir a realização, o profissional está tendo que aprender, novamente, a empreender. "É completamente diferente fazer isso hoje do que era lá trás. Eu tive que me reciclar", pontua. Porém, ele garantiu que o processo está sendo "muito bacana e proveitoso", por poder tirar do papel a ideia que teve.

Com a nova fase, Renato, que passou anos da vida sem aproveitar a própria casa por conta do trabalho, agora consegue ter uma rotina definida no bem-estar do lar. Ele até tem tempo de sobra para aproveitar, ao lado do William Bonner, o shitzu da família, que ganhou o nome por ter uma mecha branca, igual à do apresentador do 'Jornal Nacional'. "Acordo sempre no mesmo horário, faço meu café e leio as notícias no início da manhã", relata.

No entanto, não pense que o cotidiano do publicitário é tranquilo, já que ainda precisa ter tempo para as cargas de trabalho e estudo. Logo depois do ritual matutino, é hora de começar as demandas do dia. "Nesta semana, eu estou com duas análises para fazer. Semana passada, eu tinha quatro", explicou. Como bom "nerdzinho", apelido que não se importa de ter ganhado, utiliza o tempo vago para se especializar ainda mais naquilo que está trabalhando. "Então, se eu tenho algum período livre, não significa que eu vou ficar vendo televisão. Não, eu vou estudar aquele assunto pra ver o quanto eu incorporo aquilo junto da minha entrega", enfatiza.

E, mesmo durante toda a tempestade da rotina de trabalho e estudos, ele reserva um momento para a família, como no dia anterior à conversa com a reportagem, em que precisou ajudar o filho mais novo com uma apresentação da faculdade. "Ele estava tenso, então ensaiamos, fiz ele apresentar para mim e fui dando dicas de como superar o nervosismo", conta. Além disso, algo que não deixa de lado é a prática de esportes, como caminhadas e corridas, em treinos encomendados ao filho Gabriel, que é educador físico. "Eu procuro seguir à risca as orientações dele, respeitando, também, os meus limites físicos, né? Porque eu já andei me quebrando muito no futebol", ri ao lembrar dos momentos de jogar bola. Mas, como o ditado diz, "depois da tempestade, vem a bonança", e não é diferente no dia a dia de Renato, que, após toda a correria da semana, reserva o sábado e o domingo para focar sua atenção inteira à família. "Esse final de semana não abri o computador. Foi uma decisão minha, de me dedicar totalmente a eles", esclareceu.

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