Somos todos designers - 2 de 3

Sim, somos todos designers, e espero que, ao final do terceiro artigo dessa pequena triologia, iniciada na última semana, você concorde comigo. No último texto, publicado na semana passada, falamos como o pluralismo do Design pode atuar em diferentes dimensões dentro da estrutura organizacional em favor da inovação. Hoje, vamos explorar melhor a evolução do Design dentro das organizações para, finalmente, na semana que vem, fechar a tampa com uma visão mais estruturada sobre o pensamento do Design.

Na verdade, há muitas décadas os designers estão presentes em processos estratégicos dentro das empresas. Na primeira metade do século 20, eles eram demandados pelas organizações para resolver problemas de comunicação de massa, basicamente criando textos e imagens para publicações impressas. Esse foi o início da função do Design Gráfico (se você lembrou do diretor de arte de uma agência, não é mera coincidência). Logo depois, já nos anos 1950, os designers passaram a ser solicitados para resolver problemas de produção em massa criando padrões, formas, mecanismos e todo tipo de produtos fabricados na indústria emergente. Esse foi o início do desenho industrial, geralmente ligado à engenharia.

Na metade final do século 20, duas outras formas da prática do Design começam a ser exploradas. Uma delas focada na interação do homem com as máquinas, especialmente os computadores e suas telas, que passamos a chamar de Design de Interface. Mais recentemente, já nos anos 1990, com o crescimento da economia de serviços, surge o Design de Serviços. Segundo Richard Buchanan, pesquisador que já citamos no primeiro artigo e também nos baseamos para esse resgate histórico, o Design de Serviços, talvez seja a mais reconhecida forma do Design de Interação ou Design de Experiências. É nele que novas disciplinas, como a experiência de uso (UX), passam a ser reconhecidas como disciplinas importantes. Na medida em que o Design de Experiência passou a ser entendido, os designers voltaram a atenção ao desenvolvimento de sistemas humanos, muitas vezes integrados com sistemas materiais. Logo depois, passaram a se preocupar com os ambientes de uma forma geral e, mais recentemente, com as organizações.

No cenário acelerado das transformações das organizações, os designers deixaram de ser estilistas para se tornarem solucionadores de problemas complexos. Surge dentro das empresas o reconhecimento da força do pensamento não linear, do co-design e dos modelos coletivos e dinâmicos. São novas formas de entender o Design, sua natureza e sua cultura, e, fundamentalmente, sua aplicação.

Por fim, segundo Tim Brown, CEO e Presidente da IDEO - certamente a mais reconhecida e premiada agência de inovação -, o Design evoluiu e amadureceu tanto, que não pode mais ficar restrito apenas aos designers. Aí, é que a porca torce o rabo. Semana que vem falamos mais sobre isso.

Autor
Engenheiro, fundador, ex-CEO e ex-presidente do Conselho de Administração da AG2, fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Agências Digitais (AbradiRS) em duas gestões. Presidente do Conselho de Administração da Seekr de Blumenau e também sócio e membro do Advisory Board das seguintes empresas: Alright, MPQuatro, Delta, Zeeng, DEx01 e Minovelt. Foi eleito pela plataforma Proxxima um dos 10 profissionais mais inovadores do mercado brasileiro, em 2011. É professor do curso de Comunicação Digital da Unisinos e mestrando em Design Estratégico. Já trabalhou com estratégia digital para as principais marcas do mercado brasileiro incluindo Bradesco, Toyota, GM, Natura, Rio2016, Vale, Embraer, C&A, entre outras.

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